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Na madrugada deste domingo (16), Vicente Fernandes, de 36 anos, umas das lideranças indígenas do povo Kaiowá e Guarani, foi assassinado com um tiro na nuca, durante confronto contra um grupo de 20 pistoleiros à retomada de Pyelito Kue, na Terra Indígena Iguatemipeguá I, em Iguatemi (MS).
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário, há ao menos outros três feridos, sendo dois adolescentes, com perfurações e marcas de tiros nos braços e no abdômen.
O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania informou ao Cimi que a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) já está no local. Os Kaiowá e Guarani relataram que os agentes federais entraram pela fazenda, o que levanta suspeitas de que os pistoleiros tenham inviabilizado o acesso aos indígenas.
“Os pistoleiros tomaram a ponte e fizeram um cerco. Estamos cercados. Estão atirando. Seguiram atirando até aqui na aldeia, fora da retomada, nas nossas casas. Estamos cercados. Sem chance de defesa”, diz uma indígena Kaiowá e Guarani ouvida enquanto o ataque ocorria e não identificada por razão de segurança.
No começo do último mês de outubro, os Kaiowá e Guarani haviam retomado uma área da Fazenda Cachoeira, sobreposta à TI e contígua à aldeia de Pyelito Kue, que desde 2015 ocupa 100 hectares da Fazenda Cambará – também sobreposta à TI delimitada com 41,5 mil hectares, em 2013.
No início do mês, a aldeia de Pyelito Kue já havia sido alvo de ataque dos pistoleiros. De acordo com os indígenas, os ataques foram realizados pelos mesmos homens ligados as fazendas citadas.
Os ataques ocorreram menos de 24 horas depois da publicação da portaria que instala o Grupo de Trabalho Técnico (GTT) interministerial para tratar, em um prazo de 180 dias, das demarcações no cone sul do Mato Grosso do Sul.
Nota do Ministério dos Povos Indígenas
O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) manifesta profundo pesar pela morte do indígena Guarani Kaiowá na comunidade de Pyelito Kue, município de Iguatemi (MS), após ataques de pistoleiros, em contexto de recente retomada realizada nos dias anteriores. A equipe do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiários Indígenas (DEMED/MPI) do MPI, juntamente com a Funai, atua na situação, acionou os órgãos de Segurança Pública responsáveis e acompanha as ações dos órgãos do Governo Federal.
É inaceitável que indígenas continuem perdendo suas vidas por defender seus territórios. A morte de mais um indígena Guarani Kaiowá acontece ao mesmo tempo em que o mundo discute e visualiza a importância dos povos indígenas para a mitigação climática debatida na COP30, infelizmente evidenciando que não existe trégua na perseguição aos corpos dos defensores do clima.
O MPI se solidariza com a família, amigos e com toda a comunidade Guarai Kaiowá.
Nota da Sejusp
A Sejusp esclarece que as Forças de Segurança do Estado deram apoio às forças federais no ocorrido neste domingo (16) no município de Iguatemi, que resultou na morte de um indígena e de um funcionário de uma propriedade rural na região. Outras duas pessoas estão hospitalizadas. Um indígena suspeito de ser o autor do crime, que também foi ferido, já foi detido e encaminhado pela Polícia Militar à policia federal. Por decisão judicial, a PM não fazia a segurança ostensiva na área.
Jõao Pedro Flores
Portal Correio do Estado

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