Técnico da Seleção descarta depender de estrelas e diz que talento só funciona quando está a serviço da equipe.
Durante participação na abertura do Summit Academy da CBF, em São Paulo, nesta quarta-feira (26), o técnico Carlo Ancelotti detalhou o perfil dos jogadores que pretende levar à Copa do Mundo de 2026. O italiano foi direto: vaga na Seleção não será garantida apenas pelo talento individual, mas pela determinação, compromisso e capacidade de colocar o time acima de interesses pessoais.
Ancelotti fez um balanço dos seus primeiros seis meses no comando da Seleção Brasileira e reconheceu a intensidade da pressão no país.
“A vida do treinador no Brasil não é simples. A cobrança é muito alta, e penso que deve ser assim. Eu sei que vou sofrer pressão para ganhar a Copa”, afirmou.
“O talento sozinho não vence mais”
O treinador voltou a defender que o futebol atual exige muito mais do que genialidade individual — uma crítica indireta ao antigo modelo brasileiro de depender de craques isolados. Ele citou Pelé, Maradona, Romário e Bebeto para lembrar que até os maiores talentos precisaram de estrutura e solidez defensiva para conquistar títulos.
“O talento só não ganha. É preciso ter seriedade, competência, preparação física e força mental. Quero convocar jogadores que realmente queiram vencer com a camisa da Seleção”, declarou.
Segundo Ancelotti, o Brasil precisa abandonar a ideia de depender de um único jogador — fenômeno que marcou eras anteriores e gerou a chamada “neymardependência”. Para ele, o caminho até o hexa passa por uma equipe mais equilibrada e com espírito coletivo.
24 anos sem título e uma missão complexa
O técnico também reconheceu o tamanho da responsabilidade: o Brasil não conquista a Copa desde 2002. Nas últimas três edições — 2014, 2018 e 2022 — a geração liderada por Neymar não conseguiu sequer chegar à final.
Com apoio do presidente da CBF, Samir Xaud, Ancelotti afirmou estar empenhado em reconstruir a mentalidade vencedora da Seleção. Xaud, inclusive, declarou que o técnico está “pavimentando a luta pelo hexacampeonato” e revelou que a entidade já estuda renovar seu contrato até 2030.
Mudanças no futebol brasileiro
No mesmo evento, o presidente da CBF confirmou a adoção do impedimento semiautomático a partir do próximo ano. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, também esteve presente e desejou sorte à Seleção, destacando a capacidade de produção de talentos do Brasil, mas cobrando gestão mais responsável dos clubes.

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