quinta-feira, 16 de junho de 2022

Gestante perde bebê de 4 meses após desocupação em Campo Grande: 'chegaram apontando a arma'

 

                                                            Forças da GCM durante a desocupação (Foto: Leitor / Midiamax)


Após ação da Guarda, vítima relatou ter sofrido sangramento intenso


Uma mulher de 18 anos perdeu o bebê de 4 meses, após ação de desocupação executada na segunda-feira (13) em Campo Grande, no bairro Los Angeles. Depois do ocorrido, a vítima relatou sangramento intenso e procurou a Maternidade Cândido Mariano, que também teria demorado com o atendimento.


O relato é da paciente Wélica Vitória Peres Martins, de 18 anos, que perdeu o bebê de 4 meses por conta da ação. “Eu estava na invasão naquele dia. Eles chegaram apontando a arma pra mim e comecei a passar mal de nervoso. Eu tentei pegar minha caderneta de gestante e mostrar que eu estava grávida, pra eles agirem com mais calma. Mas ele só falou que se eu não saísse ia atirar em mim, e eu andei com a arma apontada nas minhas costas. Não deu tempo de tirar nada do barraco”, disse ela.


Pessoas também teriam tentado gravar a ação, mas foram impedidas. “Um amigo do meu marido tentou gravar, mas outro guarda apontou a doze [se referindo ao calibre da arma] e ameaçou ele. Falando que não era pra gravar”, disse ela.


O fato ocorreu na segunda-feira (13), a mesma começou a sangrar no mesmo dia. Na terça-feira (14), o sangramento se intensificou e a mulher procurou atendimento na Maternidade Cândido Mariano.


Maternidade demorou para atender

“Eu e meu marido chegamos na maternidade Cândido Mariano às 23h da terça-feira, comigo sangrando muito, mas falaram que eu tinha que esperar. Fui atendida somente às 2h da madruga, me passaram um soro para dor e falaram que eu teria que aguardar a ultrassom pela manhã”, disse ela.


A mulher relata que seu estado de saúde piorou durante a madrugada, mas não houve atendimento médico. “Sangrei mais durante a noite, acordei pior do que estava e com pelotas do bebê [feto] que saíram de dentro de mim. Fizeram a ultrassom no fim da manhã, e o médico disse que tinha perdido meu filho. Ele disse que ia inserir um comprimido em mim para terminar de limpar meu útero e fazer raspagem”, explicou.


E como uma mãe que perdeu o filho, ela desabafou. “Acordei hoje e estava tudo na cama, as pelotas, não fui atendida. Levantei pra tomar banho e me mandaram esperar a ultrassom. Ninguém me atendeu mesmo estando sagrando. Estou destruída por dentro. Era meu primeiro filho, tínhamos planejado. Ia descobrir o sexo do bebê essa semana”, disso com a voz embargada.


A desocupação

Na manhã da segunda-feira (13), famílias que ocupavam uma área na região do Los Angeles, em Campo Grande, viram os barracos sendo destruídos com o que havia dentro. Este é o relato das aproximadamente 70 famílias, que estavam vivendo no local desde sexta-feira (10).


Equipes da Polícia Militar e GCM (Guarda Civil Metropolitana) acompanharam a ação da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano). “A gente não tem onde morar. O que vamos fazer agora?”, disse ao Midiamax um dos moradores.


Em nota enviada ao Midiamax, a Sesdes (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social), responsável pela Guarda Civil Metropolitana, limitou-se a informar que qualquer cidadão que se sinta de alguma maneira constrangido ou que tenha sido abordado (a) de maneira indevida, ou qualquer outro comportamento que se atente contra a legislação vigente, pode procurar a ouvidoria e corregedoria da SESDES".


O Jornal Midiamax acionou a Maternidade Cândido Mariano para obter um posicionamento dos envolvidos, mas até a publicação desta matéria não obtivemos retorno. Este espaço segue aberto para esclarecimentos.

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