Agência Brasil Foto: Reuters
Bombeiros e soldados fizeram buscas nesta terça-feira (28) por sobreviventes nos escombros de um shopping center ucraniano, onde autoridades disseram que 36 pessoas ainda estão desaparecidas após um ataque com mísseis russo que matou pelo menos 18.
Parentes dos desaparecidos estavam reunidos em um hotel do outro lado da rua dos destroços do shopping center, onde equipes de resgate montaram uma base.
Bombeiros de aparência exausta sentaram-se em um meio-fio depois de uma noite lutando contra o incêndio e procurando por sobreviventes. Oleksandr, molhando o rosto com uma garrafa de água, disse que sua equipe trabalhou a noite toda revirando os escombros.
"Retiramos cinco corpos. Não encontramos ninguém vivo", afirmou ele.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, acusou a Rússia de atingir civis deliberadamente no ataque na cidade de Kremenchuk, no centro da Ucrânia, longe da linha de frente. Ele o chamou de "um dos ataques terroristas mais desafiadores da história europeia."
A Rússia disse que o incidente foi causado por um ataque a um alvo militar legítimo. O Ministério da Defesa do país alegou ter disparado mísseis em um depósito usado para armazenar armas enviadas pelo Ocidente, e que a explosão de munição no local causou o incêndio no shopping próximo.
Moscou disse que o shopping estava sem uso e vazio no momento do ataque, uma afirmação refutada por sobreviventes feridos, como Ludmyla Mykhailets, de 43 anos, que estava fazendo compras lá com o marido quando a explosão a jogou no ar.
"Eu voei de cabeça e estilhaços atingiram meu corpo. O lugar inteiro estava desmoronando", disse ela em um hospital público próximo, onde estava sendo tratada.
"Foi um inferno", afirmou seu marido, Mykola, 45 anos, com sangue escorrendo por um curativo em volta da cabeça.
Líderes das principais democracias do Grupo dos Sete (G7), em uma cúpula na Alemanha, disseram que o ataque foi "abominável."
"O presidente russo Putin e os culpados serão responsabilizados", disseram em comunicado conjunto.
A procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, afirmou à Reuters que outro míssil também atingiu uma fábrica próxima, que estava fechada, e não era um alvo militar.
"É uma questão sobre crimes contra a humanidade", disse ela. "Acho que é como um bombardeio sistemático da infraestrutura civil - com que objetivo? Assustar as pessoas, matar pessoas para fazer terror em nossas cidades e vilarejos."
A Rússia nega alvejar intencionalmente civis em sua "operação militar especial", que destruiu cidades, matou milhares de pessoas e expulsou milhões de suas casas.
O ataque a Kremenchuk ocorre após dias de crescentes ataques de mísseis russos longe da linha de frente, incluindo os primeiros ataques à capital Kiev em semanas.
Moscou também intensificou o bombardeio de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, onde as tropas russas foram repelidas em uma contraofensiva em maio. O governador de Kharkiv disse que cinco pessoas morreram e 22 ficaram feridas em um bombardeio na segunda-feira que atingiu alvos como prédios de apartamentos e uma escola.
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