terça-feira, 27 de outubro de 2020

Vendas aumentam e setor supermercadista lucra R$ 151 milhões a mais em 2020

 


 Súzan Benites


O setor supermercadista de Mato Grosso do Sul registra crescimento de quase 4% nas vendas.


 Em Mato Grosso do Sul, é estimado incremento de R$ 151 milhões de janeiro a agosto de 2020 no comparativo com o mesmo período do ano passado. 


Mesmo diante da crise causada pela pandemia da Covid-19, o segmento tem computado números positivos, reflexo do aumento do consumo de alimentos no domicílio e principalmente o aumento nos preços dos alimentos básicos.


Segundo a Associação Sul-Mato-Grossense de Supermercados (Amas), mensalmente a movimentação no segmento é de R$ 480 milhões no Estado. 


Considerando o crescimento de 3,9% nos oito meses, já descontada a inflação, o aumento chega a aproximadamente R$ 151 milhões.  


Mato Grosso do Sul segue os mesmos caminhos do indicador nacional. Até agosto, os supermercados brasileiros acumularam crescimento real de 3,94% na comparação com o mesmo período de 2019, conforme o índice nacional de vendas da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). 


Em agosto, a alta foi de 2,56% em relação a julho e de 4,44% na comparação com agosto do ano anterior.


“O índice da Abras representa todos estados; não temos o número individualizado por estado, mas temos uma similaridade grande com os números nacionais”, disse o presidente da Amas, Edmilson Veratti.  


A tendência, segundo a Abras, é que o crescimento se mantenha entre 3% e 4% até o fim de 2020.


 “Como continuamos funcionando durante a pandemia, por sermos atividade essencial, os nossos resultados têm se mantido próximos da projeção da Abras divulgada no início do ano, de 3,9% de crescimento para 2020”, disse o presidente da entidade João Sanzovo Neto.


Consumo


O aumento do consumo e a inflação dos últimos meses influenciaram e devem continuar impactando em crescimento das vendas no setor supermercadista. 


De acordo com a economista do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio (IPF-MS), Daniela Dias, o incremento na movimentação financeira no segmento pode estar atrelado a dois cenários: tanto o aumento da demanda quanto a alta nos preços.  


“Quando a gente fala em aumento nominal, que é o aumento da receita, tende a ser maior que o próprio volume. Esse aumento pode ser motivado pela própria questão comportamental, em função da pandemia, que os alimentos e os produtos de higiene continuam sendo priorizados. E temos os reflexos da inflação, que teve um aumento bastante significativo. Então quando a gente olhar para a receita nominal, esse porcentual será muito maior que o próprio volume comercializado. A gente tem um reflexo muito maior da inflação, porque, em termos de demanda, nós tivemos um aumento específico mais no começo da pandemia e, logo depois, a estabilização”, considerou Daniela.


A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aponta aumento dos produtos e alimentos em Campo Grande nos últimos três meses. Em julho o índice inflacionou 0,73%, em agosto foi a 1,04% e setembro o IPCA chegou a 1,26%.


Aumento


O aumento nos preços de alimentos básicos foi percebido nos últimos meses. As principais elevações de preços foram registradas no óleo de soja, que subiu 73% em 2020, seguido de feijão e arroz, que aumentaram 46%, carne (43,2%) e leite integral (42,3%).


De acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o feijão teve a maior oscilação de preços no ano. 


Em janeiro o quilo do alimento custava R$ 5,80, foi a R$ 9,70 em junho e a R$ 6,90 em setembro. O arroz saiu de R$ 14,25 em janeiro para R$ 19,20 em agosto e no mês passado chegou a R$ 20,10 em média.


 “Algumas culturas, como feijão e arroz, tiveram diminuição da área plantada. Então os preços já aumentariam, mas provavelmente não seria com tanto vigor quanto foi pela pandemia. E justamente a pandemia aumentou a demanda internacional por soja e outros alimentos, e com o real desvalorizado frente ao dólar, os produtores priorizaram os ganhos com a venda para o exterior”, explicou a supervisora técnica do Dieese, Andreia Ferreira.  


Questionado sobre a possibilidade de as vendas serem menores em decorrência do aumento dos preços dos alimentos básicos, o representante dos supermercadistas diz que não acredita em substituições. 


“Certamente alguns clientes irão buscar alternativas para substituir estes itens, mas, como são itens muito presentes na mesa do brasileiro, será difícil esta mudança no consumo”, destacou Veratti.


Com informação do Portal Correio do Estado

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