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Estadão Conteúdo
Menos de dois meses após o Banco Central lançar oficialmente a nova cédula de R$ 200, o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu nesta quinta-feira, 29, que a criação de uma nota de mais alto valor ocorreu na contramão do que outros países têm feito e projetou que a nova cédula terá pouca duração no Brasil.
"Criamos nota de R$ 200 com lobo-guará porque tínhamos um problema de logística para pagarmos o auxílio emergencial. Com o PIX (sistema de pagamentos instantâneos do BC), o futuro é menos dinheiro na mão e notas mais simples. No futuro vai acabar o lobo-guará, a nota de R$ 200, de R$ 100. Já, já o lobo-guará vai se aposentar, terá uma carreira curta", afirmou, em audiência pública na Comissão Mista do Congresso Nacional para o acompanhamento de medidas contra a covid-19.
Serão impressas neste ano 450 milhões de unidades da nota de R$ 200, o que representará um montante de R$ 90 bilhões aos cofres públicos.
De acordo com o BC, o custo de produção da nova nota é de R$ 325 por mil cédulas. Para comparação, a cédula de R$ 100 custa R$ 280 a cada mil notas produzidas.
Em sua coluna no jornal O Estado de S. Paulo, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco criticou o lançamento da nova cédula.
Ele cita uma conta de 2015 feita por Kenneth Rogoff, nos Estados Unidos, que mostra que há em circulação uma quantidade gigante de papel moeda correspondente a algo como US$ 4.200 por pessoa (incluindo crianças) e 78% desse valor seria mantido em cédulas de US$ 100.
Mas essas cédulas de US$ 100 estariam concentradas no mundo da informalidade ou do crime.
Ao transportar a conta de Rogoff para o Brasil, Franco afirma que se tem algo em torno de R$ 1.098,7 per capita (incluindo crianças) em cédulas, sendo que cerca de metade seria em notas de R$ 100 (cerca 90% em cédulas de R$ 50 e R$ 100), ou seja, muito parecido com o resultado americano. As cédulas de maior valor não estão acessíveis à maior parte da população.
Na Europa, segundo Franco, uma pesquisa do BCE Banco Central Europeu com usuários mostrava que 56% da amostra nunca tinha visto a cédula de 500 euros, apelidada, significativamente, de "bin-laden", e que deixou de ser fabricada em 2019 (mas não foi recolhida ou desmonetizada).
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