quarta-feira, 18 de julho de 2018

Como a propaganda eleitoral afetou as últimas eleições presidenciais

                                           (Elza Fiúza/ABr/Reprodução)

Segundo a Arko Advice, desde 89, o candidato que liderava as intenções de voto em agosto, mês de propaganda eleitoral na TV, se tornou presidente do país



Nas últimas sete eleições, o tempo de propaganda eleitoral gratuita na televisão se tornou um divisor de águas na disputa pela Presidência da República, segundo levantamento da consultoria Arko Advice. De acordo com a análise, sempre ocorreram mudanças no desempenho dos candidatos após o início da propaganda gratuita na TV.

Desde 1989, o candidato que liderava as pesquisas de intenção de voto durante o mês de agosto – quando aconteciam as exibições na televisão – se tornou o presidente do Brasil.

Pelo histórico, fica claro o efeito da propaganda na televisão na popularidade dos candidatos. Em 1989, por exemplo, quando ocorreu a primeira eleição por voto direto no país, Fernando Collor de Mello detinha 40% do apoio do eleitorado – mas, duas semanas após o início do horário eleitoral gratuito, ele perdeu 11 pontos percentuais.

Quem teve vantagem foi o hoje ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, ao saltar de 6% para 10%, desbancou o então governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola e garantiu uma vaga contra Collor no segundo turno.

O mesmo aconteceu no pleito de 2002. Ciro Gomes, que despontava em segundo lugar nas intenções de voto e ficava  atrás apenas de Lula, viu sua preferência cair quando começaram as propagandas eleitorais. Ele caiu de 27% para 21%, abrindo espaço para José Serra, que até então não empolgava nas pesquisas. No final, o petista e o tucano foram para o segundo turno.

“Mesmo com as mídias sociais, que hoje têm um valor imenso na difusão de informação, o tempo de televisão, como o passado mostra, tem forte poder de alterar o jogo e pode ser determinante no resultado final das eleições”, diz Lucas de Aragão, cientista político e sócio da Arko.

No entanto, as eleições deste ano trazem uma novidade em relação aos pleitos anteriores: os dois candidatos mais competitivos não fazem parte da máquina do governo. “Pela primeira vez, vamos ver se a máquina partidária de um partido grande será suficiente para fazer um candidato ultrapassar outro que não tem essa força”, afirma.

Neste ano, a propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão está liberada a partir do dia 31 de agosto. Por enquanto, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) lidera as pesquisas de intenção de voto nos cenários em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é considerado.

Mas, sem levar em conta as alianças que ainda pode formar, o partido de Bolsonaro conta hoje com apenas apenas 26,3 segundos da propaganda eleitoral diária. A fatia do PT, por outro lado, é de 183,2 segundos. “O tempo de TV vai mostrar quem é quem”, diz Aragão.

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