Dua Lipa canta com Carlinhos Brown e Caetano Veloso em show no Morumbis, em São Paulo -
- Estrela britânica convidou baianos para o palco em português
- Artista apresentou no Morumbis a turnê 'Radical Optimism'
Dua Lipa sambou com Caetano Veloso e Carlinhos Brown em São Paulo na noite deste sábado (15). Falou português por uns bons minutos antes de convidar os baianos ao palco do Morumbis, durante a passagem da sua turnê "Radical Optimism" pela cidade. Chamou-os de únicos, e Caetano, de lendário.
Primeiro ao lado de Brown, cantou "Magalenha", célebre na interpretação de Sérgio Mendes. Depois, disse que tinha mais uma surpresa, e, com Caetano no palco, apresentou "Margarida Perfurmada", da Timbalada, banda formada por Brown em Salvador nos anos 1990, faixa que Caetano entoou no passado junto do artista. "Venha cá, venha cá, venha cá, meu amor", cantou Dua no final da performance, sacudindo as mãos.
Foi inusitado ver a britânica ao lado de artistas tão brasileiros. Mas Dua se saiu muito bem no samba, no molejo, e especialmente no português. A cantora já vinha mostrando certo domínio da língua em vídeos que publicou nas redes nos últimos dias. Mas, no palanque, diante do público, a britânica fez um discurso longo e de fluência impressionante.
Na atual turnê, é praxe que ela convide artistas locais. A artista faz duas paradas no país após se apresentar em Santiago, no Chile. No próximo sábado, é a vez do Rio de Janeiro, no Engenhão. Dua Lipa não cantava no Brasil desde 2022, quando participou do Rock in Rio.
A artista hipnotizou o público com a cantoria ao lado de Caetano e Carlinhos. Mas já vinha de um momento alto, quando desceu do palco para cumprimentar os fãs —e não rapidinho, como praticamente todo artista faz. Parou e conversou, ainda que por pouco tempo, com vários deles. Tirou selfies com todos. E ainda agradeceu a membros de um fã-clube.
"Algumas dessas pessoas estão aqui hoje, bem ali na grade, ao meu lado, e isso significa muito. Eu vim sentir essa paixão intensa, esse povo lindo, essa cidade mágica, essa adrenalina que não vai embora nunca", ela disse, no microfone.
A artista sabe bem controlar a plateia. Cantou músicas do seu último álbum, o "Radical Optimism", que batiza a turnê, mas caprichou mais nas performances do seu irresistível "Future Nostalgia", disco de 2020 que fez muita gente esquecer o caos do coronavírus para dançar dentro de casa.
É que "Radical Optimism" não criou nenhum hit nem foi abraçado pelos fãs. A crítica especializada achou um trabalho muito aquém do que ela havia lançado antes. De fato, as canções não trazem o frescor que ela imprimiu tão bem no disco anterior —fora que a estética da era, voltada às praias e ao mar, pouco conversa com as letras, um tanto genéricas.
Tanto é que ela apareceu no show em São Paulo vestida com body e botas prateados, referência clara ao "Future Nostalgia", de temática futurística. Foi com "Levitating" e "Break My Heart", hits da pandemia, que ela ergueu os ânimos, cantadas logo na primeira parte da apresentação, que durou duas horas. "Physical", um sucesso nas academias, fez o público da pista premium perder o fôgelo com tanto pula-pula.
A estrutura do espetáculo é simples, composta apenas de plataformas espalhadas em diferentes locais do palco —o que é suficiente, porque dá boa visão da cantora para quase toda a plateia. Foi de cima de uma delas que Dua Lipa cantou "Anything for Love", uma das suas poucas canções tristes.
Ela viveu ali seu momento diva pop, com look dramático, carão e vozeirão. Pena que o microfone falhou. Aliás, Dua leva tudo no gogó, com uma ajuda ou outra de base pré-gravada.
Para não ser injusto, o álbum novo rendeu ao menos uma música contagiante, "These Walls", que virou uma performance simpática no palco. Na faixa, Dua canta sobre um relacionamento falido, tônica do seu repertório, repleto desse misto de melancolia e acidez.
Houve muitas trocas de looks. Ora vestida com um casaco de pelos preto, depois com um figurino coladinho vermelho, e, por fim, um body dourado, radiante.
Foi vestida assim que ela acabou o show com "Don’t Start Now", seu maior hit, que tocou incansavelmente no Brasil graças a um empurrãozinho da cantora Manu Gavassi, dona de uma coreografia viral no Big Brother Brasil de 2020.
Teve ainda uma palhinha de "Dance the Night", que Dua fez para o filme "Barbie", cantada rapidamente nesse pedaço, depois de "New Rules", a canção que catapultou sua carreira há oito anos.
Depois tocou a nova "Houdini", deu tchau ao público, e Dua Lipa terminou sua melhor apresentação no país. A britânica se prepara agora para voltar ao Rio após três anos muito mais dona do palco, ciente do seu talento —e entregue aos brasileiros.
Folha de São Paulo

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