- Embargo durou quase seis meses devido a um surto de gripe aviária no RS
- Brasil é maior exportador mundial avícola e principal fornecedor da China
A China suspendeu a proibição de importações de carne de frango do Brasil, liberando a retomada de embarques, segundo aviso divulgado nesta sexta-feira (7) pela administração geral de alfândega do país asiático.
O embargo estava em vigor havia quase seis meses, desde meados de maio, devido a um foco de gripe aviária no Rio Grande do Sul.
Até a adoção da medida, a China era a principal importadora de carne de frango do Brasil, conforme a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).
A proibição chinesa foi revogada com efeito imediato "com base nos resultados da análise de risco", afirmou a agência alfandegária do país em seu comunicado. O documento é datado de 31 de outubro, mas só foi divulgado nesta sexta.
Em nota, a ABPA disse que a reabertura é resultado da "competência técnica e diplomática do Brasil".
"Gradativamente, todos os grandes importadores de carne de frango retomaram as compras. Recentemente, a União Europeia anunciou a retomada dos embarques. Hoje [sexta], a China, último grande importador de carne de frango fechado, reabriu seus portos para o produto brasileiro", afirmou a entidade.
A nota da associação faz elogios ao trabalho do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e de secretários.
De janeiro a maio, a China importou 228,2 mil toneladas de carne de frango, o equivalente a 10,4% do total exportado pelo Brasil, segundo a ABPA. Os embarques para o parceiro comercial, disse a entidade, geraram receita de US$ 545,8 milhões.
O Brasil, maior exportador mundial avícola e principal fornecedor da China, confirmou um foco de gripe aviária em uma granja comercial da cidade gaúcha de Montenegro (a 60 km de Porto Alegre) em 16 de maio.
O caso provocou uma série de proibições comerciais e colocou em alerta cidades que dependem da atividade para sua sobrevivência.
Mesmo com a restrição da China, a ABPA afirmou nesta sexta que as exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história em volume.
Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês. O saldo superou em 8,2% o total embarcado no mesmo período do ano passado (463,5 mil toneladas), segundo a entidade.
A receita das exportações de outubro foi de US$ 865,4 milhões. O volume, contudo, é 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024 (US$ 904,4 milhões).
Em destaque, a África do Sul importou 53,7 mil toneladas em outubro, o que significa uma alta de 126,9% frente ao ano anterior.
Em seguida, aparecem Emirados Árabes Unidos, com 40,9 mil toneladas (+32%), Arábia Saudita, com 36,6 mil toneladas (+66,1%), Filipinas, com 34 mil toneladas (+38,2%), e Japão, com 29,7 mil toneladas (-25,5%).
"A retomada da China deverá ser um novo fator a influenciar significativamente e de forma positiva o resultado na reta final deste ano para o setor", disse o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
Os resultados ocorrem após a gripe aviária se espalhar rapidamente na Europa, com o maior número de países em pelo menos uma década relatando surtos iniciais.
O cenário causou preocupações sobre uma repetição de crises passadas que levaram ao abate de dezenas de milhões de aves e ao aumento dos preços dos alimentos.
O Ministério da Agricultura também confirmou a retirada das restrições da China.
"A decisão, de efeito imediato, foi tomada com base nos resultados da análise de risco conduzida pelas autoridades chinesas. O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo, responsável por cerca de 35% do mercado global", disse a pasta.
O ministério ainda afirmou que, desde 18 de junho, o país mantém o status de livre de influenza aviária de alta patogenicidade. Atualmente, apenas o Canadá mantém a suspensão total das importações do Brasil, conforme a pasta.
Com Reuters
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