O primeiro dia do Enem 2023, realizado neste domingo (5), teve abstenção de 28,1%, índice dentro do histórico do exame. Eram esperados 3,9 milhões de inscritos.
No ano passado, a taxa de faltosos no primeiro dia foi de 28,3%, segundo dados consolidados pelo governo.
Os dados foram divulgados em entrevista com o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), e pelo presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Manuel Palácios.
Neste domingo, os candidatos fizeram as provas de linguagens, ciências humanas e a redação. O tema proposto para o texto foi "Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil".
Segundo o ministro da Educação, foram eliminados 4.293 inscritos. São casos de participantes que portavam equipamentos eletrônicos, utilizaram impressos ou desobedeceram orientações dos aplicadores.
O Inep acionou a Polícia Federal para investigar imagens da prova que circularam na internet antes do fim da prova. O governo descarta o vazamento da prova e afirma que as fotos foram disseminadas após o fechamento dos portões.
O ministro disse que a PF investiga dois casos, em Pernambuco e no Distrito Federal.
"A Polícia Federal já está investigando os fatos. Fizeram duas diligências, uma em Pernambuco, onde um proprietário de [um veículo de] conteúdo digital divulgou essa imagem. E outra diligência no Distrito Federal. Polícia está engajada para fazer a investigação", disse Santana.
Santana disse que apenas 25 locais de prova ficaram sem energia e somente três escolas não tiveram aplicação, em Santa Catarina, por causa de chuvas.
O balanço do Enem indica que 905 inscritos não fizeram a prova por problemas de logística.
A prova continua no próximo domingo (12). Será a vez de questões de ciências humanas e ciências da natureza.
Esta é a primeira edição sob o novo governo Lula (PT). A realização deste ano tem sido marcada por chuvas pelo Brasil, como em São Paulo e Paraná, que derrubou a energia de muitos locais, incluindo escolas onde a aplicação é prevista.
Também houve erros na alocação de cerca de 50 mil candidatos a mais de 30 km de casa --o que fere as regras do exame.
O governo indicou que, nos dois casos, inscritos prejudicados e que não consigam fazer a prova podem submeter pedidos para a reaplicação, que ocorre em dezembro. O Inep vai analisar os pedidos e cruzar dados para confirmar o direito à reaplicação.
Durante o governo Jair Bolsonaro (PL), o exame viveu um processo de desidratação, ao mesmo tempo em que foi alvo de tentativas de interferência ideológica em seu conteúdo.
A nova gestão petista tenta revalorizar o Enem. Os 3,9 milhões de inscritos deste ano significou um salto de 13% no número de inscritos com relação a 2022.
As questões do primeiro dia do Enem voltaram a abordar conteúdos sobre o período da ditadura militar no Brasil. O Enem ficou três anos sem trazer questões sobre esse período da história do país, durante o governo Bolsonaro.
O presidente Luiz Lula Inácio Lula da Silva compartilhou no sábado (4) vídeo em que deseja boa sorte aos candidatos e visitou o Inep neste domingo. Lula disse ter tido a garantia do Ministério das Minas e Energia para a garantia de energia em todos os locais de prova de São Paulo.
O exame é uma das principais portas de entrada no ensino superior por meio da plataforma Sisu (Sistema de Seleção Unificada), além de ser usado para ter acesso ao Fies (Financiamento Estudantil) e ao Prouni (Programa Universidade para Todos).
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