terça-feira, 14 de novembro de 2023

Magalu despenca na Bolsa após reportar erro contábil que reduziu patrimônio em R$ 830 milhões

 

                                            Centro de Distribuição do Magalu em Extrema, em Minas Gerais — Foto: Divulgação


Depois de reportar um erro contábil que reduziu em quase R$ 830 milhões seu patrimônio líquido, o Magazine Luiza amanheceu despencando na Bolsa. Logo quando o mercado abriu, os papéis da varejista entraram em leilão e depois chegaram a cair mais de 9%. No meio da tarde, por volta das 14h30, as ações reduziram a perda para 4,05%, cotados a R$ 1,66.


— As notícias de ontem eram fatores que iam mexer com o preço do Magazine Luiza. Por isso, os papéis ficaram em leilão da abertura até umas 10h20, tempo bem maior do que o usual. Demoraram a definir o preço de abertura — explica o analista Bruno Komura, da Potenza Capital.


A inconsistência, descoberta após auditoria realizada desde março após denúncias anônimas, foi decorrente de uma diferença entre os bens e os passivos de uma empresa. O comunicado ao mercado, no entanto, saiu apenas na noite dessa segunda-feira.


Segundo o documento, embora as denúncias não tenham sido confirmadas, o Magalu encontrou “incorreções” no modo com o qual “bonificações em determinadas transações comerciais” eram lançadas no seu caixa.


Mesmo sem qualquer indício de fraude, segundo analistas, investidores se desfazem do papel agora por um "trauma" com a crise da Americanas, revelada em janeiro deste ano.


Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos, diz que o resultado trimestral veio em linha com o que era esperado sem trazer "surpresas positivas ou negativas, com exceção das incorreções contábeis" relacionadas à computação dos bônus de metas de desempenho dos fornecedores. O medo é que novos erros possam vir à tona daqui em diante:


— Depois de Americanas, há um receio se pode vir mais um ajuste nos resultados do Magazine Luiza.


O estrategista de renda variável da Senso Corretora, João Frota, concorda. Para ele, o resultado financeiro apresentado foi dentro das expectativas. Os erros reportados, no entanto, na sua opinião, mancham a governança da empresa.


Ele ainda acrescenta que a informação de que executivos consideram fazer um follow-on, ou seja, uma nova oferta de ações no mercado para arrecadar o capital que precisam, também faz com que muitos investidores prefiram vender os ativos por saberem que podem ter a sua participação diluída e, assim, receber menos dividendos.


Para Komura, o follow-on será realmente necessário, já que o setor do varejo segue enfrentando desafios desde a pandemia. Em sua visão, o Magazine Luiza ainda enfrenta forte concorrência das asiáticas e pode não ter alívio mesmo com a queda da taxa Selic.




Por 

— Rio de Janeiro o Globo

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