sexta-feira, 10 de junho de 2022

Morre Emiko Kawakami de Resende, ao 74 anos

 

                                            Foto: Divulgação Embrapa 
Ex-chefe da Embrapa Pantanal atuou por quase quatro décadas em pesquisas

CELSO BEJARANO

Morreu nesta quinta-feira a ex-chefe-geral da Embrapa Pantanal, Emiko Kawakami de Resende, aos 74 anos, informou comunicado publicado pela empresa que ela atuou por quase quatro décadas. 


Ela foi secretária estadual do Meio Ambiente, deu aulas na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e, também, na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Já tinha se aposentado.


Emiko morreu em Pouso Alegre, Minas Gerais, onde estava morando com a família desde a aposentadoria. Ela foi vítima de infecção decorrente de tratamento contra câncer.


O corpo da docente será sepultado nesta sexta-feira (10), às 16 horas no cemitério Parque Jardim do Céu, também, de Pouso Alegre.


De acordo o texto publicado nesta quinta, com a morte de Emiko, a ciência brasileira perdeu uma de suas grandes e obstinadas pesquisadoras que teve atuação muito importante no Bioma Pantanal.


Trajetória profissional

Ainda conforme a assessoria, Emiko Iniciou a sua carreira trabalhando na Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (1978-1981), depois atuou no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (1981-1985), como pesquisadora e professora. Em 5 de julho de 1985 foi contratada como pesquisadora na Embrapa Pantanal. 


Atuando principalmente na área de Recursos Pesqueiros de Águas Interiores, com manejo de recursos pesqueiros, biologia e ecologia de peixes nativos.


Ela dedicou 38 anos de sua vida à área de pesquisa e desenvolvimento, dos quais 31 à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 


Coordenou vários projetos e comissões, exerceu também, por diversas vezes, funções de gerenciamento, dentre elas: Gerente de Comunicação e Negócios, Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), e foi Chefe-Geral da Embrapa Pantanal por dois mandatos de 2001 a 2006 e de 2011 até 2016.


Bióloga pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) (1971), e concluiu o mestrado (1975) e doutorado em Oceanografia Biológica (1980), pelo Instituto Oceanográfico, também da USP. 


Fez cursos de especialização em Avaliação de Impacto Ambiental e Monitoramento, pela Universidade de Aberdeen (1995), Escócia e de Medidas e Monitoramento de Biodiversidade, pelo Smithsonian Institute, Virginia, Estados Unidos (1997) e Marketing para Gestão Empresarial pela Universidade Federal de Santa Catarina (2001).


Foi Secretária de Estado do Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul, de 1991 a 1994. Foi bolsista de produtividade 2 do CNPq no período de 2007 a 2010. Publicou mais de 60 trabalhos científicos, 18 capítulos de livros e mais de 40 outros artigos de divulgação técnico-científica, nacionais e internacionais. 


Participou em mais de 100 eventos nacionais e internacionais, em mais de 100 matérias em sites e mídias, orientou dissertações de mestrados e teses de doutorado.


Liderou, de 2007 a 2012, projeto de aquicultura a nível nacional, o Aquabrasil, com a participação de 15 unidades da Embrapa, 21 universidades e instituições de pesquisa, cinco empresas estaduais e nove empresas privadas abordando o melhoramento genético, a nutrição, a sanidade, o manejo ambiental dos sistemas de cultivo e o aproveitamento agroindustrial das espécies tilápia GIFT, tambaqui, cachara e camarão branco, no qual participou no componente melhoramento genético.


Foi docente e orientadora do programa de pós graduação da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp).


Recebeu vários prêmios, dentre os quais se destaca o de Ecologia e Ambientalismo (Câmara municipal de Campo Grande, MS), de Mérito Legislativo, da Assembleia Legislativa de MS, pesquisadora destaque da Embrapa, título de cidadã Corumbaense e prêmio IICA à contribuição da mulher para o desenvolvimento rural.


O Chefe-Geral da Embrapa Pantanal, Jorge Antonio Ferreira de Lara, fala sobre a perda da profissional e colega de trabalho, “é com pesar que recebemos a notícia do falecimento da Dra. Emiko, um símbolo da Embrapa Pantanal, ela sempre foi uma profissional focada e competente que ajudou muito na construção da nossa Unidade”. 


“A Emiko se destacou nas suas pesquisas, como gestora e como agente pública. 


A Embrapa Pantanal reconhece todo esforço e trabalho da Emiko no crescimento e desenvolvimento da Unidade, e tenho a convicção que muitas pessoas, assim como eu, recebem essa notícia com dor e na esperança que o exemplo dela fique e que a Unidade possa seguir em frente sempre buscando os melhores resultados e o bem estar de todos”, conclui Jorge.


A pesquisadora Aiesca de Oliveira Pellegrin, que foi Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) nos dois mandatos da Emiko, recebe a notícia com sentimento de tristeza e fala sobre a profissional e amiga de longa data “Conheci a Dra. Emiko Resende ao ingressar na Embrapa Pantanal, nos idos de 1987. 


Ela era chefe de P&D. Recém chegada, me deparei com uma pessoa direta, que falava sem subterfúgios ou meias palavras: “Comece lendo tudo sobre o Pantanal no RadamBrasil” (mais tarde seria o EDIBAP, o PCBAB) porque “para fazer pesquisa no Pantanal você tem que conhecer sobre a região”. 


Tive o privilégio ímpar de ser sua chefe de P&D em ambas as gestões à frente da Unidade".


Continua a pesquisadora, “não deixava dúvidas do grande amor que tinha pela Embrapa, pelo Pantanal e pela Pesca, tanto como área de trabalho e como hobby. Não se furtava aos novos desafios, tendo, antes de sua aposentadoria assumido pela segunda vez a Chefia Geral, que entendo tenha sido o último e declarado ato de amor à nossa Unidade”. 


“Ela sabia que precisávamos dela. Para Emiko o desenvolvimento do Pantanal, com a perenização de todos os seus valores culturais, sua biodiversidade, sua beleza cênica e seu valor para as futuras gerações estava acima de tudo. 


Conhecida na Embrapa pela coragem e seu discurso simples e direto, foi a pessoa que consolidou a Embrapa Pantanal, como uma instituição relevante para a região e nos deu a certeza de que deveremos todos continuar perseverando em nosso caminho, de produzir a ciência para o desenvolvimento e a conservação do nosso bioma. ”, conclui a pesquisadora.


José Aníbal Comastri Filho, que exerceu cargo de Chefe Administrativo no primeiro mandato e de Transferência de Tecnologia no segundo na gestão da Emiko, recebeu a notícia surpresa e muito triste, emocionado falou sobre a profissional e amiga que a “Dra. 


Emiko foi uma pessoa incrível com quem tive oportunidade de trabalhar, foi a pessoa que aprendi muito na parte de gestão, uma pessoa sensacional, a Dra. Emiko com certeza deixou muitos amigos aqui na Embrapa Pantanal, espero que a sua família fique, receba o conforto por meio de nossas palavras como demonstração do afeto por ela”. 


Emocionado Comastri, não consegue encontrar as palavras, desejando os mais sinceros pêsames à família, conclui, dizendo que não tem como relatar a Dra. Emiko, “ela era mais do que uma colega de trabalho, era amiga”.


O técnico Augusto César Galvão Silva, recebeu a notícia, também, com muita tristeza, e fala de dois momentos que trabalhou com a Emiko, de quando entrou na empresa e de quando foi presidente do sindicato. 


“Quando fui contratado pela Embrapa Pantanal, foi na gestão da Emiko, posso dizer que minha vida foi marcada pela presença dela, daí ela saiu da chefia do primeiro mandato, “me chamou para trabalhar com ela no laboratório e, a gente se deu muito bem e acabamos nos tornamos amigos”. 


Já no segundo mandato como Chefe-Geral, “eu estava como presidente do sindicato, alguns conflitos foram inevitáveis mas, mesmo assim, conseguimos manter um bom relacionamento respeitoso e saudável”, conclui Augusto.


Emiko Kawakami de Resende deixa pelo Brasil afora uma grande legião de amigos, bolsistas e alunos que com ela conviveram e a admiravam. Deixa também, uma enorme contribuição à Pesquisa Agropecuária Brasileira.


Mulher de personalidade forte, mas com coração enorme, teve atuação ativa na região sempre preocupada com o desenvolvimento e a conservação do Pantanal. Vai deixar muitas saudades nos colegas e amigos da Embrapa Pantanal, conclui o comunicado.


Com informação do portal Correio do Estado

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