quinta-feira, 23 de junho de 2022

Festival Varilux de cinema francês começa exibição na Capital

 


Astros e estrelas, além de grandes diretores do cinema francês, estão na 13ª edição do Festival Varilux, que começa hoje na Capital e traz séries inéditas

MARCOS PIERRY

 

Quando o galã Louis Garrel nasceu, em 1983, Fanny Ardant já era considerada uma musa do cinema. Além do charme incontornável, tinha atuado com distinção em filmes de grandes diretores, como Alain Resnais (1922-2014), Claude Lelouch e François Truffaut (1932-1984).


Embora tenha seis anos a menos que a colega, a atriz Isabelle Adjani já chamava atenção em meados da década anterior, graças à presença mais que envolvente no dilacerante “A História de Adèle H.” (1975), do mesmo Truffaut, gênio das imagens em movimento que se tornou conhecido como “o homem que amava as mulheres” – na tela e na vida real.


Truffaut partiu precocemente, aos 52 anos. As nove décadas de nascimento do diretor, completadas no mês de fevereiro, talvez sejam uma lacuna da 13ª edição do Festival Varilux de Cinema Francês, que, desde terça-feira, ocupa o circuito exibidor de dezenas de cidades em todas as regiões do País, para fazer jus ao slogan de “único evento audiovisual realizado nacionalmente e simultaneamente em municípios de quase todos os estados brasileiros”. O Varilux estará em pelo menos 46 cidades.


ASTROS E ESTRELAS

Mas Garrel, Ardant, Adjani e muitos outros nomes de prestígio do cinema francês, na frente e atrás das câmeras, não deixam de marcar presença no Varilux 2022. Em Campo Grande, uma sessão para convidados de “O Próximo Passo”, do diretor Cédric Klapish, na noite de ontem, deu partida na versão local do festival, que ganha projeção na tela do Cinemark (Shopping Campo Grande) até o dia 6 de julho, com ingressos na mesma tabela de preços das sessões normais.


Nas cidades com direito à programação completa, como Rio de Janeiro e São Paulo, serão exibidos 17 trabalhos inéditos ou recentes da filmografia francesa, além de duas produções que vão passar como homenagem – a comédia cult “O Papai Noel É Um Picareta”, de Jean-Marie Poiré, que completa 40 anos de lançamento, e a ficção biográfica “As Aventuras de Molière” (2007), de Laurent Tirard e Ariane Mnouchkine, com a qual o festival alude aos 400 anos de nascimento do dramaturgo Jean-Baptiste Poquelin (1622-1673), o Molière.


SÉRIES

Novidade na programação do Varilux, sete séries francófonas, inéditas no Brasil, poderão ser vistas com acesso gratuito pelo streaming: “Cheyenne e Lola”, “As Sentinellas”, “Jogos do Poder”, “O Que Pauline Não Diz”, “Ópera”, “Síndrome E” e “A Corda”. Nem sempre todos os títulos são exibidos por aqui. Então, é bom ficar de olho na programação atualizada pelos sites do festival (variluxcinefrances.com) ou do complexo de salas (cinemark.com.br).


Até o fechamento desta edição do Correio do Estado, ainda não havia sido divulgada a lista de obras que poderão ser vistas na Capital. Mas, por exemplo, dificilmente a curadoria deixaria de mostrar aos sul-mato-grossenses as novas obras dos três medalhões citados no início da reportagem. Também ainda não foi informado quando as séries estarão disponíveis.


GARREL

Como ator, Louis Garrel despontou para o estrelato com “Os Sonhadores” (2003), filme do italiano Bernardo Bertolucci (1941-2018), que em pouco tempo tornou-se um “clássico contemporâneo”. Mas, desta vez, o astro poderá ser apreciado tanto como ator quanto como diretor.


Na comédia “Um Pequeno Grande Plano” (2021), terceiro longa-metragem de Garrel como diretor, Abel e Marianne descobrem que seu filho de 13 anos, Joseph, está vendendo seus pertences mais valiosos para financiar um projeto ecológico na África. 


Os pais logo veem que o menino não é o único. Centenas de crianças ao redor do mundo estão incumbidas da missão de salvar o planeta.


ARDANT

À frente das câmeras, Fanny Ardant volta a brilhar em “Os Jovens Amantes” (2022), de Carine Tardieu, um dos 11 convidados do Varilux que estarão presencialmente nos eventos extra-tela do festival que, uma vez mais, não chegarão a Campo Grande. 


Contando também com Cécile de France e Melvil Poupaud no elenco, o filme explora o reencontro de dois amantes, em um hospital, 15 anos após o primeiro contato. Ela está com 71 anos. Ele, 45.  


ADJANI

Por sua vez, Isabelle Adjani está no elenco de “Peter Von Kant” (2022), ao lado de Denis Ménochet, que faz o papel-título, Khalil Ben Gharbia e de Hanna Schygulla, outra musa do cinema europeu. Os filmes de François Ozon, diretor do longa, são recorrentes no Varilux.


No enredo, um cineasta de sucesso apaixona-se por um rapaz e promete ajudá-lo a entrar na indústria cinematográfica. O plano funciona, mas, assim que ganha fama, o jovem se afasta do veterano.


OUTROS FILMES  

“O Próximo Passo”, filme da pré-estreia de ontem, conta a história de Elise (Marion Barbeau), uma jovem e promissora bailarina clássica que se machuca após flagrar a traição do namorado. 


Ela luta para se recuperar, buscando novos rumos no mundo da dança contemporânea. Outro destaque é “Um Herói” (2021), de Asghar Farhadi, vencedor do Grande Prêmio de Cannes no ano passado, sobre o homem que luta para se livrar da cadeia, onde foi parar por causa de uma dívida.  


A programação apresenta diversas obras premiadas, a exemplo de “O Acontecimento”, de Audrey Diwan, vencedor do Leão de Ouro de Melhor Filme no Festival de Veneza em 2021; “Contratempos”, de Eric Gravel, vencedor dos prêmios de Melhor Diretor e Melhor Atriz (Laure Calamy) no Festival de Veneza; e “O Destino de Haffmann”, de Fred Cavayé, vencedor nas categorias Melhor Atriz e Melhor Filme (Prêmio do Público) no Festival du Film de Sarlat 2021.


MAIS CELEBRIDADES

Várias outras celebridades poderão ser vistas na tela: Virginie Efira (“Esperando Bojangles” e “O Segredo de Madeleine Collins”), Emmanuelle Bercot (“Peter Von Kant”), Daniel Auteuil (“O Destino de Haffmann”), Gilles Lellouche (“Golias”, “Kompromat” e “O Destino de Haffmann”), Pierre Niney (“Golias”), Romain Duris (“Esperando Bojangles”, “As Aventuras de Molière”), Laetitia Casta (“Um Pequeno Grande Plano”), Laure Calamy (“Contratempos”) e Melvil Poupaud (“Os Jovens Amantes”) também estão entre as presenças ilustres.


“Estamos sempre atentos para trazer obras de qualidade e com diversidade de temas. Sabemos que o público quer rever seus atores e diretores preferidos, mas também conhecer as novas revelações”, comenta o curador Christian Boudier.  


“O mundo está mudando, e o mundo das imagens junto com ele. A pandemia acentuou a tendência de ‘consumir’ produções no sofá, sob demanda. 


Nós, que amamos tanto o cinema, vamos sempre incentivar que a experiência de assistir aos filmes seja nas salas de cinema, neste lugar mágico”, afirma Emmanuelle Boudier, que divide a curadoria com Christian.


“Mas sabemos que existem ótimas produções sendo feitas e assistidas em outras telas. E não podíamos deixar de trazer para o público brasileiro, que sempre prestigiou o festival, um pouco das séries francesas que estão sendo produzidas”, destaca a organizadora do Varilux.

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