sábado, 11 de junho de 2022

Carne pode ficar ainda mais cara em MS nos próximos meses

 

                                         (Foto: Marcos Ermínio / Jornal Midiamax) 
Isso ocorre porque 'quase tudo' vai para o exterior e o estoque menor de carne pode encarecer alimento

Exportações de carne estão em alta, os abates de carne bovina, suína e de aves também, o que significa um bom ano para pecuaristas e uma certa preocupação para os consumidores em todo o País, com destaque para Estados exportadores, como Mato Grosso do Sul. A razão é simples: quase tudo vai para o exterior, pouca coisa fica por aqui e isso pode gerar uma disparada de preços no mercado interno.


Este ano, o Brasil já exportou 711 mil toneladas de carnes, o que rendeu uma receita de US$ 3,9 bilhões. Mato Grosso do Sul se firmou como o quarto maior exportador de carne 72,3 mil toneladas e uma receita de US$ 371 milhões no período entre janeiro e abril deste ano. São Paulo, Mato Grosso e Goiás são os três maiores exportadores de carnes do país. São Paulo exportou 161,9 mil toneladas e faturou US$ 1 bilhão; Mato Grosso 149,3 mil toneladas e somou receita de US$ 808 milhões e Goiás exportou 90,3 mil toneladas e obteve uma receita de US$ 508 milhões.


Os números são da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) e, pela série histórica desde o fim dos anos 90, a tendência do segundo semestre é dobrar as exportações em relação à primeira parte do ano. Nas outra ponta, um estudo do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), pertencente à Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), unidade da USP (Universidade de São Paulo), já mostra que em regiões exportadoras as altas de preços começaram a chegar.


De acordo com as informações do Cepea, as cotações da carne de frango estão em elevação em áreas com grande presença de exportadores, como Toledo (PR), visto que a demanda externa está aquecida. No acumulado desta parcial de junho (de 31 de maio a 9 de junho), o frango inteiro congelado se valorizou 7,2%, negociado a R$ 8,50/kg, na última quinta-feira (9).


Fato semelhante acontece com os preços dos suínos em Santa Catarina. Na parcial de junho (entre 31 de maio e 8 de junho), o preço do suíno vivo colocado na indústria no Oeste Catarinense avançou 17,3%, a R$ 5,38/kg na última quarta-feira (8). Quanto às carcaças comum e especial, ambas negociadas no atacado da Grande São Paulo, foram negociadas, em média, a R$ 8,53 e a R$ 8,88/kg, respectivamente, com valores 11,7% e 12% acima dos registrados em 31 de maio.


O lado bom deste mercado de carnes vem de Mato Grosso do Sul. Isso porque os preços dos bezerros estão em movimento de queda consecutiva desde o começo de 2022. Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário é resultado de maiores investimentos em tecnologias por parte de pecuaristas e do aumento de produtividade. Além disso, a chegada do período de desmama reforça a queda nos preços.


Segundo o Cepea, considerando-se as médias mensais deflacionadas, no acumulado da parcial deste ano, o Indicador do bezerro Esalq/BM&FBovespa (nelore, de 8 a 12 meses, Mato Grosso do Sul) recuou 21%, passando para R$ 2.490,17 na parcial de junho da última terça-feira (7). Em junho de 2021, o animal era negociado a R$ 3.328,73, em termos reais. Ou seja, em um ano, a desvalorização do animal é de expressivos 25,2%. Todos os valores médios mensais foram deflacionados pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços/Disponibilidade Interna) de maio deste ano, calculado mensalmente pela FGV (Fundação Getúlio Vargas).

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