Por Saúde em Dia
Todo mundo já teve, ao menos uma vez, um episódio de dor de cabeça – o nome popular dado à cefaleia. O distúrbio que possui mais de 150 tipos divididos em 14 grupos, se divide, principalmente, em três espécies principais: a cefaleia primária, a secundária e a neuralgia craniana, com níveis variados de gravidade.
A OMS estima que 90% da população mundial terá cefaleia ao longo da vida, sobretudo as mulheres e pessoas entre 25 e 55 anos de idade. Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, a doença é a sétima mais incapacitante do mundo e atinge 140 milhões de brasileiros. A proporção nacional é maior do que a média global, como indicou um estudo da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia apontando que 52% das pessoas de todo o mundo relatam ter dor de cabeça ao menos uma vez por ano.
Causas e sintomas da cefaleia
Como explica o Dr. Wanderley Cerqueira de Lima, neurocirurgião e neurologista do Hospital Albert Einstein, o distúrbio costuma apresentar aura e ter duração de 5 a 60 minutos, com manifestações de sintomas reversíveis (como alterações visuais, sensitivas e na fala ou linguagem).
As causas incluem geralmente distúrbio neuroquímico, hereditariedade (em 60 a 90% dos casos), alterações da atividade neural, mudança no fluxo sanguíneo, alterações inflamatórias, quedas dos níveis de progesterona, baixo estoque de neurotransmissores e outros.
O Dr. Saulo Nader, também neurologista do Hospital Albert Einstein, acrescenta ainda outras causas para a cefaleia, chamados sintomas paralelos: sensibilidade visual ou a cheiros, perda de sensibilidade, formigamento, dificuldade para falar e vertigem.
O especialista chama atenção para a Cefaleia do tipo Migrânea Vestibular, que acomete entre 1% e 3 % da população mundial e vem acompanhada de tontura ou vertigem. Segundo Nader, estima-se que entre 10% e 30% das pessoas que sofrem da popular ‘labirintite’ tenham a Migrânea Vestibular.
Quando são causadas por alguma outra doença, como um tumor ou AVC, as dores de cabeça podem ser primárias ou secundárias, como conta o neurologista Iron Dangoni Filho. “Entre as primárias, os sintomas podem se diferenciar. Por exemplo, a enxaqueca costuma ser moderada a forte, apenas de um lado, com duração de cerca de três dias e com sintomas associados, como a fotofobia (sensibilidade à luz) ou fonofobia (sensibilidade aos sons). Já a cefaleia tensional geralmente é uma dor atrás da cabeça, mais leve e que pode piorar ao longo do dia e durar até sete dias”, explica.
Qual a diferença entre a dor de cabeça e a enxaqueca?
“Sempre irá depender da causa”, afirma o Dr. Wanderley. “A dor de cabeça é uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada em termos de lesões ou disfunções do cérebro. [Já] a enxaqueca é um distúrbio neurológico associado a alterações funcionais do córtex cerebral. É mais recorrente, com sinais e/ou sintomas clínicos e neurológicos”, explica o especialista.
Quando se preocupar com a dor de cabeça?
“A manifestação dos sinais e sintomas são muito individualizados”, afirma o Dr. Wanderley. De acordo com o neurologista, deve-se ter um alerta quando a cefaleia muda de característica, intensidade e se há identificação de comorbidade, tipo neoplasia, HAS (hipertensão sistêmica descontrolada), gravidez, cardiopatia, o uso excessivo de analgésicos, febre e rigidez de nuca.
O Dr. Iron Dangoni Filho revela que, quando a dor aparece com frequência, deve-se procurar um neurologista. “Quando acontece quatro vezes por mês já há indicação. Se a dor de cabeça aparece menos vezes, mas são fortes, também é preciso ir atrás de ajuda. Quando ela muda o padrão também é sinal de alerta, por exemplo,quando não responde aos analgésicos ou quando tem uma intensidade bem mais intensa que o habitual”, detalha.
É possível prevenir e tratar cefaleia?
Atualmente têm surgido diversas novidades na medicina para tratar a cefaleia, como terapias medicamentosas ou até mesmo cirurgias. Mas não é preciso esperar chegar a esse ponto. Iron destaca que a maioria das pessoas faz apenas o tratamento para tirar a dor, que é feito com remédios. Contudo, é possível realizar a prevenção.
“Para os que já têm dores de cabeça é possível evitar que elas apareçam com medicamentos. Porém, muitos preferem o tratamento não medicamentoso, que pode ser feito com exercícios físicos, yoga, acupuntura, massagem e boa alimentação. Ficar sem dormir longos períodos pode ser gatilho para crises também, bem como ficar muito tempo sem comer”, orienta o especialista.
O Dr. Wanderley recomenda consultar um neurologista ou neurocirurgião para estabelecer o diagnóstico, saber os gatilhos ambientais, e também encorajar um “diário da cefaleia” para que o médico possa escolher o tratamento com base na frequência, intensidade das dores, náuseas, vômitos e aura. “O tratamento sempre será individualizado, pois é muito importante um acompanhamento no decorrer do tempo”, finaliza.
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