Uma pesquisa realizada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) introduziu bovinos no cerrado visando controlar gramíneas invasoras. O Cerrado brasileiro é a savana mais biodiversa do planeta, mas também o segundo bioma mais ameaçado.
“Esta pesquisa abre novos horizontes sobre a restauração de Reservas Legais no Cerrado, pois demonstra a viabilidade financeira e ecológica de se utilizar o manejo do gado como ferramenta de recuperação de ecossistemas savânicos”, afirma Pedro Henrique Brancalion, docente e orientador da pesquisa. Ela foi realizada na prática por Henrique Sverzut Freire de Andrade, em seu mestrado.
“O trabalho reflete apenas a realidade do Cerrado e não pode ser extrapolada a outros biomas. Outro ponto é que a pesquisa não pode ser usada de justificativa para se manter o gado em qualquer espaço e sem controle, com pejorativo de restauração. A presença descontrolada e demasiada dos animais pode trazer mais prejuízos, como a erosão do solo”, completou.
Eles explicam que a invasão biológica de gramíneas ocorreu no Cerrado brasileiro com a introdução de espécies de gramíneas mais produtivas para forragem. Aqui, as espécies africanas são consideradas as mais agressivas, porque encontram um ambiente propício, pelas semelhanças ecológicas com seu habitat de origem.
Em 2020, as parcelas cercadas, que não permitiram a entrada do gado, ainda apresentaram cobertura de 100% do solo com gramíneas exóticas – mesmo onde houve controle químico – e não havia presença de gramíneas nativas. Já nas parcelas onde foi permitida a livre circulação do gado, a espécie invasora sofreu uma redução de cobertura, e o recobrimento com gramíneas e ervas nativas foi maior.
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