domingo, 7 de novembro de 2021

'Estelionatário do amor' é baleado com oito tiros e socorrido em Campo Grande

 

Jornal Midiamax


Homem de 33 anos foi alvejado por oito disparos de revólver calibre 9 mm na tarde deste domingo (7) no Bairro Mata do Jacinto, em Campo Grande. Ele estava no interior do carro, um Jeep Renegade, junto a outras duas pessoas, que não se feriram. Velho conhecido no meio policial, ele chegou a ser apelidado de "estelionatário do amor".


Conforme informações do boletim de ocorrência, a Polícia Militar foi acionada por moradores e, chegando na Rua Pridiliano Rosa Pires, não encontraram a vítima e nem o possível autor. Testemunhas disseram que o homem foi levado em seu veículo, até a casa do sogro, e de lá encaminhada para o Hospital da Cassems.


A vítima foi atingida por oito perfurações, no braço esquerdo, pescoço, rosto e lateral das costas e pernas. Ele estava consciente e orientado, aguardando transferência para a Santa Casa. Moradores da vizinhança informaram que os autores estariam em um carro Volkswagen Fox vermelho, e seriam dois ocupantes. Duas passageiras que também estavam no carro, junto à vítima, não se feriram.


A Perícia e a Polícia Civil compareceram ao local e encontraram quatro cápsulas de calibre 9mm deflagradas no chão e, em seguida, os policiais e peritos se deslocaram até o hospital para fazer a perícia no carro. O caso foi registrado como tentativa de homicídio.


'Estelionatário do amor'

Com mais de 15 passagens por estelionato, o suspeito se aproxima de mulheres fingindo ser militar, inicia um relacionamento e dá golpes, levando dinheiro, carros, celulares, entre outros pertences das vítimas. O último foi aplicado no dia 11 de agosto. Após ela descobrir que caiu em um golpe, passou a receber ameaças do acusado, que já responde na Justiça por crimes com o mesmo modus operandi. Segundo a mulher, ela recebeu uma mensagem do suspeito, dizendo que não tinha atendido a ligação porque estava em uma missão.


A vítima, então, respondeu ao número desconhecido, afirmando que não tinha ligado. Foi assim que o golpista começou a conversar com a mulher. Se apresentando como militar do Exército — embora em outras ocasiões já tenha dito que era policial — ele puxou conversa e conquistou a vítima, que passou a se envolver amorosamente com ele.


Durante o relacionamento, o acusado mentiu, dizendo que tinha vendido um terreno de R$ 300 mil e que o dinheiro tinha sido bloqueado pelo banco. Ludibriada pelo golpista, a mulher acabou ajudando o suspeito, emprestando a ele R$ 10 mil. Em outra ocasião, passou o cartão em uma loja, no valor de R$ 3 mil para o suspeito.


Estelionatário por formação, ele andava em um Jeep Renegade novo, segundo a vítima, veículo que não sai por menos de R$ 90 mil. Tudo isso para simular ter boa condição financeira e poder dar o golpe. A mulher só descobriu o golpe quando o falso militar disse que a levaria em uma festa, no Exército.


Quando ela estava pronta para a festa, ele ligou, dizendo que o general tinha cancelado o evento. Desconfiada, ela conversou com um amigo, que é militar do Exército, e ele disse que não havia ninguém com o nome do namorado dela no comando e ainda que não tinha nenhuma festa marcada.


Após descobrir o golpe, a vítima se afastou do acusado, quando começou a ser ameaçada e a receber ligações. Por isso, registrou boletim de ocorrência pelo estelionato e também pela violência doméstica.


Velho conhecido da polícia

Em 2016, o acusado foi notícia no Midiamax, após ser preso por estelionato. Na época, a polícia já indicava que ele agia como estelionatário amoroso, ou seja, entrava em relacionamentos e convencia as mulheres a darem para ele objetos caros. Uma vítima chegou a comprar um iPhone para o golpista, que se passava na época por policial federal.


Outra vítima comprou para o acusado um carro avaliado em R$ 80 mil. Na época, o acusado foi preso na casa dos pais, onde morava. Sempre atuando da mesma forma, ele diz que está com as contas bancárias bloqueadas e que precisa comprar algo, mas que vai pagar depois. Com isso, acaba pegando dinheiro das vítimas.


Dois anos depois, em 2018, o golpista foi preso novamente em um apartamento na Mata do Jacinto, com prisão preventiva decretada. A vítima foi um vendedor de joias, que teve duas correntes furtadas pelo suspeito. Além disso, ele simulou comprar uma peça, mas pagou com cheque sem fundos.


O golpe resultou em prejuízo de R$ 23 mil ao vendedor. O acusado chegou a dizer para a vítima que não seria preso e que não pagaria nada. Com processos judiciais por estelionato ainda tramitando, o golpista coleciona passagens e segue atuando no crime.


O crime de estelionato está previsto no artigo 171 do Código Penal, com pena de 1 a 5 anos e multa.

Nenhum comentário: