sexta-feira, 19 de julho de 2019

Segmento de hortifruti já sente influência no consumo

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A situação econômica brasileira (em situações de emprego e de renda) ainda não favorece e a demanda ainda não é a desejada, mas os segmentos produtores de frutas e de hortaliças já sentem manifestação de maior consciência da cadeia consumidora quanto aos benefícios à saúde proporcionados por alimentação que tenha maior enfoque nestes produtos. Com isto, uma vez retomado o maior poder de compra, a expectativa é de que possa ser ampliado o consumo, o qual, pelo menos em nível atacadista, registrou ainda pequena queda no movimento dos produtos em 2018.


Com influência citada do movimento dos caminhoneiros, o volume de frutas vendido nas centrais de abastecimento brasileiras diminuiu 2,6% no ano em relação ao anterior, enquanto na receita a redução foi um pouco menor (1,2%). Nas hortaliças, as compras baixaram mais (7,9%), mas em compensação os preços aumentaram (em média, 3,1%). No caso específico dos produtos hidropônicos, a queda foi maior (39%), mas nos orgânicos houve elevação nas aquisições (26,5%), ficando, porém, ainda na faixa de 818 toneladas, diante de 6 milhões de toneladas de hortaliças.

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo, nas suas pesquisas junto aos principais polos produtores, previa bom crescimento no consumo em 2018, mas na virada do ano conferiu que não foi assim. Verificou, contudo, situação “mais favorável para produtos de maior valor agregado, como melão “de marca”, tomates “especialidades”, hortaliças mini e baby e minimamente processados, que, nos anos de grave recessão econômica (2015-2017), foram mais impactados pela queda do poder de compra do consumidor”. Para 2019, projetava situação similar à anterior, dependendo da economia.

Quando houver reação econômica, a expectativa do segmento hortifruti é de haver bom impulso no consumo doméstico. No País, assim como no mundo, observa a Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas), há crescente percepção pelos consumidores que alimentação saudável, onde se incluem esses produtos, é a base da saúde e do bem-estar das pessoas, pelo avanço de estudos médicos comprovando seus benefícios na prevenção de doenças, e pela evolução na sua qualidade e na apresentação, atraindo maior interesse.

O Instituto Brasileiro de Horticultura (Ibrahort) verifica que as pessoas preocupadas com alimentação mais saudável são orientadas por nutricionistas a consumir mais hortaliças, e, com isso, aumenta a presença desses produtos no prato do brasileiro. “Todas as redes de fast food hoje têm opção de salada, os restaurantes em geral estão investindo em entradas com saladas, está surgindo a indústria das saladas prontas, o que facilita o consumo”, comenta o presidente Stefan Adriaan Coppelmans. “Está se criando e promovendo a cultura do consumo de hortaliças”, arremata.

CHEGAR AO RECOMENDADO

De qualquer forma, as duas instituições verificam que o consumo per capita ainda está aquém do nível indicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o que mostra potencial de demanda e faz os setores agirem no sentido de promover o aumento das vendas. “São 56 quilos de frutas por ano, enquanto países desenvolvidos ultrapassam 100 quilos”, informa Luiz Roberto Maldonado Barcelos, presidente da Abrafrutas. “Atualmente, os brasileiros consomem apenas um terço do volume recomendado de hortaliças, que é de no mínimo 400 gramas por dia”, salientou a Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (Abcsem), ao lançar em 2018 campanha de aumento do consumo, intitulada “Projeto AlimentAção + Salada”.

O Plano Nacional de Desenvolvimento da Fruticultura, assinado em 2018, instruções normativas do governo federal que surgiram em 2019 sobre a rastreabilidade de frutas, verduras e legumes, e novas regras de comercialização dos produtos, com mais exigências em nível de varejo e atacado, também deverão contribuir para a finalidade de incremento e de qualificação no consumo, conforme entendimento expresso na área. O programa Hortifruti Saber & Saúde, que reúne diversos atores das cadeias produtivas, sublinha a possibilidade de os consumidores, a partir da normatização oficial, terem informações sobre todo o processo de produção e, assim, tomarem decisão de compra com base na responsabilidade e em boas práticas de todos os elos da atividade produtiva.

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