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Os desastres climáticos que marcaram 2024 podem ser apenas o prelúdio de um 2025 ainda mais extremo. João Pedro Cuthi Dias, engenheiro agrônomo, alerta para a repetição e intensificação dos fenômenos climáticos devido à contínua emissão de gases de efeito estufa e à ineficácia das políticas globais de mitigação.
"Os meteorologistas falam que 2024 vai se repetir. No Brasil, por exemplo, se formou um centro de alta pressão na divisa dos estados do Paraná, bloqueando todas as frentes frias no sul. E o que aconteceu? Um desastre no Rio Grande do Sul, com chuvas de 500, 600 milímetros em pouco mais de 10, 15 dias", explicou Dias. Esse fenômeno climático extremo causou inundações severas, prejudicando a agricultura e a infraestrutura local. Dias destaca que o padrão climático de 2024 pode ser ainda mais grave em 2025. "Estamos repetindo os problemas de 2023, com calor excessivo em algumas regiões e seca intensa em outras. Países como Alemanha, Colômbia e Equador enfrentam dificuldades com a disponibilidade de água para consumo humano. As temperaturas recordes na Finlândia, com 27 graus Celsius, ilustram a gravidade da situação. Isso provoca o derretimento das calotas polares, elevando o nível dos oceanos", afirmou o engenheiro.
A persistência na emissão de gases de efeito estufa continua a ser uma preocupação central. Atualmente, os níveis de dióxido de carbono na atmosfera ultrapassam 420 partes por milhão, mais que o dobro dos níveis pré-industriais, que eram de 170 a 180 partes por milhão. A inversão do ciclo natural do carbono é um ponto crítico destacado por Dias. "Estamos tirando o carbono que a natureza colocou sabiamente no solo, seja na forma de petróleo ou carvão, e liberando-o na atmosfera. Isso está complicando ainda mais a situação climática. Sem recursos para sequestrar esse carbono, teremos que enfrentar custos crescentes para mitigar os danos dos desastres naturais, que se agravam ano após ano, mês após mês", alertou.
A influência dos lobbies da indústria do petróleo continua a ser um obstáculo significativo para a adoção de políticas ambientais mais rígidas. "O lobby do petróleo é muito intenso. Eles pressionam os legisladores e políticos para não criar barreiras. A extração de petróleo a 80 dólares por barril continua a enriquecer grupos empresariais e indivíduos, enquanto a maioria da população global sofre as consequências", ressaltou .
Dias também enfatizou a necessidade de uma mudança drástica na matriz energética global. "Dois caminhos: um é diminuir de forma dramática e drástica a questão das emissões. Aqui no Brasil, por exemplo, temos uma matriz elétrica extremamente limpa, com 83% de nossa energia elétrica vindo de fontes hidroelétricas, fotovoltaicas e eólicas. Outros países ainda usam muito carvão, que é um desastre do ponto de vista ambiental. Para cada megawatt-hora gerado com carvão, uma tonelada de CO2 é emitida na atmosfera", explicou.
Ele destacou os esforços da China para desativar suas usinas de carvão e aumentar a geração de energia renovável. "A China, que é o maior poluidor, está em um grande esforço para desativar as usinas de carvão e aumentar a geração fotovoltaica e eólica. No ano passado, conseguiram adicionar uma capacidade equivalente à instalada no Brasil em energia renovável", afirmou Dias.
A previsão para 2025 é alarmante, com a possibilidade de desastres naturais ainda mais intensos e frequentes se as emissões de gases de efeito estufa não forem drasticamente reduzidas. "Os alertas são cada vez mais intensos, mostrando a necessidade de diminuir as emissões e implementar uma política eficaz de sequestro de carbono. O carbono é vital para a vida, mas deve permanecer principalmente no solo e não na atmosfera", concluiu.
AGROLINK - Aline Merladete
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