sexta-feira, 23 de maio de 2025

Caso VaideBet: Polícia prepara mais relatórios e pode abrir novo inquérito contra Augusto Melo

 

                                           (Foto: Peter Leone/O Fotografico/Gazeta Press)




A confirmação do indiciamento de Augusto Melo, Marcelo Mariano, Sérgio Moura e Alex Fernando André, conhecido por Alex Cassundé, pela Polícia Civil de São Paulo não encerrou o inquérito que apura eventuais irregularidades e crimes no contrato firmado entre Corinthians e VaideBet.


Nesta quinta-feira, a autoridade pública apontou o presidente e os ex-dirigentes do clube, além do intermediário citado no contrato, como autores de associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro.


O delegado Tiago Fernando Correia, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), responsável pelo caso, ainda vai juntar ao processo, pelo menos, mais dois relatórios com informações inéditas sobre transferências e depósitos de recursos financeiros, sem descartar a abertura de um novo inquérito.


Dentro deste contexto que ainda será explicado oficialmente, a Polícia deve abordar milhares de reais depositados em uma conta bancária de Augusto Melo, com dinheiro em espécie, e que podem ter tido a colaboração de Carlos Eduardo Melo Silva, o Kadu, sobrinho de Augusto. Os extratos já estão sob posse dos investigadores e o cruzamento com os relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão brasileiro que combate a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo, também serão feitos. O Coaf encontrou uma conta bancária de Augusto Melo, em Blumenau, Santa Catarina, que registrou depósitos frequentes e em espécie a partir do período que o mandatário corintiano assumiu o cargo no clube.


O texto final da investigação deve ser anexado na próxima sexta-feira, quando o processo de quase 4 mil páginas deve, enfim, ser fechado e encaminhado ao Ministério Público após pouco mais de um ano de apuração.


Caso o delegado Tiago Fernando Correia entenda que há fatos relevantes e complementares à investigação sobre o acordo entre Corinthians e VaideBet, ele deve aprofundar a apuração em novo inquérito. Esta possibilidade está sendo estudada pelas autoridades policiais, segundo apuração da Gazeta.


E A VAIDEBET?

No relatório final a ser apresentado, a Polícia também deve citar a VaideBet e seus representantes. Não está descartada a possibilidade de alguém da empresa também ser responsabilizado.


Conforme apuração da Gazeta Esportiva, há o entendimento entre os investigadores do caso de que a VaideBet não foi vítima da situação e, em algum momento, pode ter agido em parceria com a cúpula do Corinthians.


As maiores evidências desta tese estão ligadas ao formulário encaminhado a Yun Ki Lee, então diretor jurídico do clube, com espaço para o preenchimento de dados de algum intermediário. Naquele formulário, a comissão a ser paga ainda constava como de responsabilidade da empresa.


Soma-se a este contexto a nota oficial publicada pela VaideBet em maio do ano passado, quando a empresa admitiu a existência de um intermediário, porém, sem citar qualquer referência. O discurso, em parte, foi alterado durante os depoimentos colhidos pela Polícia.


MAIS MENTIRAS COMPROVADAS

No "Despacho Fundamentado de Indiciamento", com "Análise Técnico-Jurídica", documento que resume os motivos que levaram a investigação a indiciar o quarteto, o delegado do caso apresentou print de um vídeo gravado por Augusto Melo com Sandro dos Santos Ribeiro, funcionário de Antônio Pereira dos Santos, o Toninho Duettos, no Hotel Tivoli, em São Paulo, local do encontro em que representantes de Corinthians e VaideBet concordaram em formalizar a parceria.


À Polícia, em oitiva, Augusto Melo negou que tivesse conhecido ou falado com Sandro, mas o vídeo foi recuperado e apresentado como prova. Aliás, Marcelo Mariano aparece na filmagem, logo atrás dos protagonistas.



O documento também expõe as ERB's (Estação Rádio Base), equipamento que faz a conexão entre os telefones celulares e a rede da operadora, do telefone de Alex Cassundé e prova que o dono da Rede Social Media Design LTDA, entre os dias 9 e 31 de dezembro de 2023, em nenhum momento foi ao Parque São Jorge, ao contrário do que afirmaram Augusto Melo, Marcelo Mariano e Sérgio Moura nos depoimentos.


O delegado, por fim, conclui que Alex Cassundé não foi o intermediário do contrato e que a inserção dele foi feita de maneira artificial, por "ardilosa simulação" para que "recursos financeiros do clube fossem, ilegalmente, desviados - ou melhor, subtraídos".


Tiago Fernando Correia ainda escreve que o quarteto agiu de maneira  "orquestrada e criminosa" para afastar do negócio "aqueles que realmente contribuíram para a sua existência e êxito", com o intuito de que os valores fossem "atribuídos ao fictício intermediário, no caso, Alex Fernando André".


Por Tiago Salazar


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