Repercutiu no setor a invasão e depredação nos escritórios da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (Abrass), em Brasília, nesta quinta-feira (14). Os ataques foram assumidos pela Via Campesina, um braço do MST, que justificaram como uma parte da “Jornada Nacional da Soberania Alimentar: Contra o Agronegócio para o Brasil não Passar Fome”.
O grupo pichou paredes, colou cartazes, apedrejou e jogou tinta contra a fachada do local. Nas inscrições frases como “soja não enche o prato”, “soja é morte”, “soja financia a fome” e “fora Bolsonaro. Os manifestantes agiram rápido e fugiram. Ninguém foi preso.
O ato foi condenado por diversas entidades do setor. A Aprosoja disse que repudia os crimes e já está tomando as medidas legais. “Ao contrário do que dizem entender os invasores em suas pichações – de que a soja não enche prato de comida – a soja e o milho produzidos na mesma área como segunda safra são fundamentais para a produção de carnes, leites, óleos, ovos e derivados. O grão também é utilizado na produção de medicamentos, cosméticos, tintas, colchões, pneus e até biodiesel, combustível ecológico que contribui para a redução de efeitos causados pela poluição nos centros urbanos”, diz um trecho da nota.
Também em nota o presidente institucional da Abramilho, Cesario Ramalho, lamentou o episódio. “Mais do que nunca, o momento do país requer diálogo e respeito às instituições, e ações como esta não contribuem em nada para superação de nossos desafios em favor do desenvolvimento socioeconômico nacional”.
O presidente da Frenta Parlamentar Agropecuária (FPA), Dep. Sérgio Souza (MDB-PR), disse que a FPA é contra qualquer ato de vandalismo. “Instigar a animosidade social e/ou entre setores é o que menos precisamos neste momento em que o Brasil tenta resgatar seu crescimento, a geração de empregos e renda, combater a fome e a miséria, ampliadas em virtude da pandemia mundial”.
Para a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato) a depredação na Aprosoja Brasil é crime contra o agro brasileiro. “Episódios como este sinalizam o desprezo de determinados segmentos em estabelecer diálogos equilibrados e entendimentos, utilizando-se de atos criminosos como tentativa de desestabilizar a ordem pública. Enquanto um lado trabalha e produz, o outro depreda e destrói o patrimônio dos brasileiros. A invasão e a depredação em todo e qualquer patrimônio, seja público ou privado, demonstram desrespeito ao direito de propriedade e prejudicam a ordem social”, diz a nota oficial.
A Aprosoja-MT disse que aguarda as providências das autoridades. “Isso que ocorreu não deve se repetir porque se tivesse pessoas lá dentro a vida deles estaria em risco, sem contar que houve uma depredação e invasão ao patrimônio. Nós esperamos que as autoridades tomem providências e identifiquem esses vândalos e que eles sejam punidos no rigor da lei. É preciso que se faça justiça para que fatos como este não voltem a se repetir, e que as entidades do nosso país não sejam ameaças”, declarou o vice-presidente da entidade, Lucas Costa Beber.
Por meio de seu Twitter a Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, declarou que “vandalismo não é manifestação”. Ela acrescentou que preza pelo diálogo com os diversos setores e se solidarizou com as entidades atacadas. “O agro é um só, de pequenos, médios e grandes produtores. É um setor importante para a nossa economia, para a manutenção de empregos, renda e garantia de segurança alimentar. O agro continuará trabalhando para garantir o abastecimento do país. É lamentável que ainda há quem confunda vandalismo com manifestação”, disse.
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