quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Biológicos ganham mais espaço na pesquisa

 



O mercado internacional de biopesticidas registrou crescimento de 15%
Por: 



Nos últimos anos houve um aumento nas práticas de controle biológico no Brasil e no mundo. O mercado internacional de biopesticidas registrou crescimento de 15%. Só no Brasil, onde o crescimento foi superior a 70%, é possível encontrar mais de 200 produtos comerciais registrados no Ministério da Agricultura (Mapa) para controle biológico de pragas e doenças. 



Segundo a pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Madelaine Venzon, a demanda por novas soluções para problemas nas lavouras parte dos próprios agricultores, uma vez que pragas e doenças estão cada vez mais resistentes a métodos convencionais de controle químico. Além disso, a pesquisadora aponta que a busca por alimentos produzidos com tecnologia limpa também é um fator responsável por impulsionar a popularidade adquirida pelo controle biológico nos últimos anos em diversos países do mundo, sobretudo no Brasil.


Para alcançar números expressivos e destaque midiático, o investimento na pesquisa agropecuária é fundamental. Exemplo disso é que, em 1996, a EPAMIG foi a pioneira na liberação de parasitoides para controle de percevejos da soja no Cerrado mineiro. Quatro anos depois, em 2000, a empresa deu início a pesquisas sobre controle biológico conservativo, alinhadas aos objetivos do Programa Estadual de Pesquisa (PEP) em agroecologia. Hoje, os resultados de pesquisa da EPAMIG são levados a produtores de vários municípios do estado, por meio de publicações científicas e de eventos próprios da área.


“A adesão do controle biológico por parte dos produtores cresce a cada dia. É impressionante a mudança nos últimos anos. Temos sido muito procurados para realização de projetos conjuntos, informações técnicas, visitas e cursos”, destaca Madelaine Venzon que, no último mês, concedeu entrevista exclusiva sobre controle biológico conservativo para a revista Globo Rural.


A publicação, que possui ampla repercussão nacional, é objeto de leitura e de estudos a respeito da agricultura brasileira. Na entrevista, a pesquisadora deu ênfase ao trabalho com diversificação de culturas que aumenta a população de organismos capazes de controlar pragas de cafezais.


“É uma satisfação enorme ver o nosso trabalho de pesquisa, que desenvolvemos há mais de 20 anos, ser popularizado em uma revista de circulação nacional e de alcance enorme. Além disso, a matéria tratou do controle biológico conservativo, estratégia que a EPAMIG é pioneira no país, e que até então não havia sido divulgada na revista. Dessa forma, o alcance das nossas pesquisas é ampliado e a informação chega em quem precisa, o produtor”, analisa.


Alternativo ou necessário? 


O controle biológico de pragas e doenças, antes chamado de “controle alternativo”, se desprende deste termo, uma vez que soluções sustentáveis são cada vez mais necessárias. A expressão “alternativa” era utilizada quando havia poucas opções de métodos de controle não relacionados ao controle químico. Além disso, o termo englobava todas as práticas agrícolas não convencionais, como a orgânica, agroecológica e sustentável.


“Hoje não faz mais sentido usar o termo, pois não se trata de uma alternativa, mas de uma necessidade. Em alguns casos o produtor não tem opção, quer seja pela falta de eficiência ou por outros problemas associados ao uso do controle convencional”, pontua Madelaine Venzon.


A pesquisadora afirma, ainda, que recebe algumas críticas relacionados aos custos e ao tempo de ação do controle biológico. Para ela, as críticas, embora naturais, são reduzidas a partir de uma mudança de percepção sobre o tema e de ajustes na formação de novos profissionais. 


“Mesmo em grupos de profissionais mais atrelados a métodos convencionais de controle químico, é perceptível uma diminuição da carga de críticas nos últimos anos, o que é muito bom. Além disso, há uma discussão muito forte sobre a incorporação de disciplinas que abordam métodos de controle biológico nas grades curriculares dos cursos de agronomia”, conclui Madelaine Venzon. Na EPAMIG, o próximo passo é escalonar as pesquisas com controle biológico para o maior número de propriedades rurais possível. 

Nenhum comentário: