sexta-feira, 9 de julho de 2021

Com ICMS mais caro, motoristas de MS 'migram' para SP em busca de economia no combustível

 


Jornal Midiamax


Convivendo com um dos impostos mais altos do País sobre a gasolina e o álcool, o sul-mato-grossense tem reforçado a tradição e prefere sair do Estado para abastecer o veículo em São Paulo. Em Três Lagoas, onde há gasolina sendo vendida a R$ 6,09 o litro, muitos atravessam a divisa estadual para pagar R$ 5,76 no combustível no lado paulista. 


A diferença de 6% entre os estados é motivo de deixar a cidade e, muitas vezes, encher o tanque no lado paulista. Quem mais sofre com essa situação são os empresários do setor de combustíveis. Eles relatam que até seus próprios amigos desistem de abastecer no Mato Grosso do Sul para economizar em São Paulo.


“Tenho amigos que preferem ir para o outro Estado. E eu não discordo porque o cliente tem de preservar seu capital. Está complicado aqui no MS, pois não temos competitividade e ainda possuímos a pauta mais alta sobre ICMS. Nosso Estado só serve de corredor de carreta e caminhões. Ninguém abastece por aqui”, afirma um proprietário de postos de combustível de Três Lagoas, que não quis identificar-se.


O ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do Mato Grosso do Sul tem alíquota de 30% sobre a gasolina e 20% no etanol. Para fins de comparação, no estado vizinho, en São Paulo, o tributo cobrado é de 25% e 13,3%, respectivamente. Isto é, a alíquota cobrada no MS sobre o derivado de petróleo é 20% mais cara que em SP.


Segundo dados do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), MS já arrecadou neste ano R$ 1,68 bilhão de imposto sobre os combustíveis. A cifra corresponde a 26% do ICMS recolhido em todo o Estado e é 15% maior que o registrado até junho de 2020, R$ 1,46 bilhão.


Debandada pela economia

De acordo com uma funcionária do Posto Petro Brasil, localizado no município de Castilho, em SP, o movimento no local permanece o mesmo do ano passado, com muita gente saindo de Três Lagoas para aproveitar o preço mais baixo do outro lado da divisa. Por lá, o álcool é ainda mais vantajoso: 13% mais barato.


Segundo o diretor-executivo do Sinpetro MS (Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência), Edson Lazarotto, o ICMS não é o único fator que encarece os preços. O diretor ainda comenta que o cenário atual para o setor é de dificuldades.


“O ICMS não é o único que altera os preços. Por exemplo, somente neste ano a gasolina teve um aumento de 38% e o etanol subiu 44%. Em 2021, a gente já constata prejuízos financeiros para o ramo. Há muitos postos de combustível em extrema dificuldade”, explicou Lazarotto.

Nenhum comentário: