Agência Brasil Foto: Tania Rego
O governo federal lançou hoje (21) uma
cartilha de brincadeiras para crianças com transtornos do espectro
autista (TEA), para marcar o Dia Nacional de Luta da Pessoa com
Deficiência, celebrado nesta segunda-feira (21). O documento, elaborado
por terapeutas educacionais especializados em integração sensorial, traz
orientações de atividades a serem desenvolvidas em casa e visa auxiliar
as famílias nesse período de afastamento social.
“A cartilha ensina como modular as
necessidades específicas da criança com autismo com coisas que a família
vai ter independente da classe social, do lugar que mora, como frutas e
peças de vestimenta”, explicou, em entrevista à Agência Brasil, o
coordenador-geral de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, do
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, José Naum de
Mesquita Chagas.
De acordo com ele, nesse contexto de
reclusão em razão da pandemia da covid-19, as famílias têm vividos
conflitos no meio em que vivem porque muitas pessoas não compreendem as
peculiaridades das crianças com TEA. “É importante que a sociedade
reconheça e aceite essa característica individual da criança com
autismo, no sentido de auxiliar a convivência, já que esse processo
ajuda a modular essa criança para que ela vivencie menos momentos
críticos durante esse tempo e consiga se integrar melhor”, disse.
O autismo é, em geral, marcado por
distúrbios na interação social, dificuldades na comunicação e questões
comportamentais, como ações repetitivas. Por ser um transtorno com
diferentes níveis de comprometimento, recebe o nome de espectro autista.
A cartilha estará disponível na página do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Campanha
No Brasil, mais de 45 milhões de pessoas têm
algum tipo de deficiência, o que corresponde a quase 24% da população,
de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para marcar o dia, o ministério realizou um evento virtual para conscientizar sobre a importância da inclusão das pessoas com deficiência na sociedade.
Além da cartilha, foi lançada a campanha Eu
Respeito!, iniciativa que convida pessoas anônimas e famosas, com ou sem
deficiência, a gravarem vídeos falando que respeitam alguma
particularidade do universo das pessoas com deficiência. “Essa campanha
vai trabalhar a questão dos direitos básicos do dia a dia, como, por
exemplo, acesso a áreas de estacionamento, que não é privilégio, mas uma
necessidade, é uma equiparação de oportunidades visto as dificuldades
elevadas de uma pessoa com deficiência em detrimento a uma que não tem”,
disse Chagas.
Para o coordenador, a sociedade brasileira
já está em uma geração de transição, em que conceitos de que a
deficiência é uma desvantagem estão ficando para trás. “A deficiência é
uma característica pessoal, assim como nossa altura, tom de pele, tipo
de cabelo, que não agrega e nem diminui valor. O que somos é um conjunto
de nossas características e não apenas uma delas”, destacou.
Segundo Chagas, a inclusão escolar fortalece
muito esse processo de mudança pragmática na sociedade. “Antes, as
pessoas com deficiência eram segregadas, então as pessoas sem
deficiência não tinha a oportunidade de vivenciar e aprender em
conjunto. A inclusão possibilita que essa criança sem deficiência já
absorva essa naturalidade, de integrar, de ter amizades com outro menino
ou menina com deficiência como qualquer outro”, explicou.
Ele destacou ainda que essas conquistas
iniciais não se deram sozinhas, mas pelo mérito e luta dos movimentos
das pessoas com deficiência, que têm pautado o assunto ao longo dos
anos.
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