quinta-feira, 29 de junho de 2017

ESTREIA-"Uma Família de Dois" gira em torno do carisma de Omar Sy




 Refilmagem da comédia mexicana “Não se Aceitam Devoluções” (2013), “Uma Família de Dois” gira em torno do indiscutível carisma cômico do ator francês Omar Sy, que garante a atração de uma comédia familiar que tem seu ponto forte numa relação familiar carinhosa entre um pai solteiro e sua filha.

Quem viu o filme mexicano já sabe a história, que segue o mesmo passo, inclusive nos detalhes, mudando apenas os locais: o México e EUA do original viram França e Inglaterra nesta nova versão.

Samuel (Omar Sy, de “Intocáveis”) é um bon vivant, empregado de uma empresa turística no litoral de Marselha, onde ele anima festas e dirige um barco que leva turistas a passeios. Seu coração não é de ninguém e ele costuma acordar a cada dia com uma nova mulher, ou até mais, que partem em seguida para nunca mais voltar. A exceção é a inglesa Kristin (Clémence Poésy, de “Harry Potter e as Relíquias da Morte”).

Um dia, Kristin aparece com um bebê e diz a Samuel que é sua filha, concebida na aventura do verão do ano anterior. Pede dinheiro para o táxi e vai embora, para choque do novíssimo pai. Ele segue Kristin até Londres, achando que vai resolver o assunto rapidamente.

Oito anos depois, ele ainda mora lá, criando a filha sozinho --Kristin desapareceu-- com seu novo trabalho como dublê de uma série policial de TV.

Embora o roteiro seja uma coleção de clichês sentimentais óbvios, é inegável que Omar Sy dá conta muito bem de ocupar a cena com sequências histriônicas, como quando anima uma balada em Marselha, quase perde a filha bebê no primeiro passeio no metrô londrino ou em suas diversas interações com os ingleses, já que não consegue dominar o idioma local.

As cenas entre este pai nada convencional e a filha esperta são o que de melhor há no filme.

Mas, inevitavelmente, a realidade fará algumas incursões neste mundo dourado que Samuel criou para a filha Gloria. A primeira, uma consulta de ambos ao médico, em que fica claro que na família há uma doença. A segunda, o previsível reaparecimento da mãe fujona, que Samuel dizia à filha que era uma agente secreta, escrevendo mensagens à filha supostamente de vários lugares do mundo (na verdade, mandadas por ele).

Mesmo contaminado por uma simplificação muitas vezes imposta a personagens homossexuais, a figura do melhor amigo de Samuel, Bernie (Antoine Bertrand), é outro sopro de ar fresco na história, com seus eternos flertes e uma disposição irresistível para apoiar pai e filha.

Em seu segundo filme como diretor, o francês Hugo Gélin mostra boa mão para não deixar cair o ritmo, mesmo que o material que tem à disposição não seja original. O resto, Omar Sy resolve – pelo menos, se a intenção de quem for ao cinema for simplesmente se divertir sem maiores compromissos.

Tanto quanto no filme original, o roteiro não cria muitas nuances na personagem da mãe – que fica com o papel de malvada, uma outra simplificação um tanto forçada, que não deixa muitas opções à atriz Clémence Poésy.

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb

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