quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Avião com 64 pessoas se choca com helicóptero militar nos EUA; 'provavelmente não há sobreviventes'

 



Um avião com 64 pessoas, sendo 60 passageiros e quatro tripulantes, colidiu com um helicóptero do Exército dos EUA, que transportava três militares, e caiu no rio Potomac, nos arredores de Washington, quando se preparava para pousar no Aeroporto Nacional Ronald Reagan, na noite de quarta-feira. As autoridades americanas afirmam que 28 corpos foram retirados das águas durante a madrugada. Não há relato de sobreviventes até o momento — embora haja pessimismo, e o chefe do Corpo de Bombeiros tenha dito que a operação agora é de "recuperação" de corpos.


A colisão entre a aeronave comercial e o helicóptero militar foi gravada em vídeo. Imagens publicadas nas redes sociais mostram o momento em que uma bola de fogo se forma no céu e cai nas águas do rio. Um áudio gravado momentos antes da colisão entre um controlador de tráfego aéreo e o piloto do helicóptero, obtido pela rede americana CNN, demonstra que o militar visualizou o avião comercial antes da colisão.


O avião, um Bombardier CRJ700 construído há cerca de 20 anos, havia partido de Wichita, no Kansas, e pousaria em Washington. O voo da American Airlines era operado pela PSA Airlines. O helicóptero era um Sikorsky UH-60 Black Hawk, fabricado pela Lockheed Martin, empresa americana de Defesa, segundo um comunicado do Exército. Ele estava em voo para um treinamento em Fort Belvoir, na Virgínia, segundo o secretário de Defesa, Pete Hegseth, que classificou o acidente como "absolutamente trágico".


Uma grande operação de resgate lançada no local da queda, em um trecho do rio que fica na divisa de Washington, Virgínia e Maryland. Cerca de 300 socorristas foram enviados para atender a emergência, e os esforços são visíveis desde a noite de quarta-feira, quando barcos e helicópteros circulavam pela área do acidente, tentando localizar sobreviventes.


Em uma coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira, o chefe do Corpo de Bombeiros e Serviços Médicos de Emergência de Washington, John Donnelly, afirmou que os socorristas enfrentam condições extremamente difíceis, com frio intenso, vento forte e gelo na água. Ele confirmou que 28 corpos já foram resgatados, incluindo um militar.


— Estamos em um ponto em que estamos mudando de uma operação de resgate para uma operação de recuperação [de corpos]. Neste ponto, não acreditamos que haja sobreviventes deste acidente — disse Donnelly.


No início da noite, a principal preocupação das equipes de resgate era localizar rapidamente possíveis sobreviventes na água, já que era esperado que as temperaturas caíssem abaixo de zero na área de Washington. O que elevava o risco de hipotermia — que pode acontecer entre 20min e 30 min em água fria, de acordo com o serviço meteorológico.


Em uma primeira manifestação oficial, o presidente americano, Donald Trump, disse estar "totalmente informado" sobre o acidente e pediu que Deus abençoasse as almas das vítimas. Nas redes sociais, Trump sugeriu que o acidente poderia ter sido evitado.


"O avião estava em uma linha de aproximação perfeita e rotineira para o aeroporto. O helicóptero estava indo direto para o avião por um longo período de tempo. É uma NOITE CLARA, as luzes do avião estavam acesas, por que o helicóptero não subiu ou desceu, ou virou. Por que a torre de controle não disse ao helicóptero o que fazer em vez de perguntar se eles viram o avião. Esta é uma situação ruim que parece que deveria ter sido evitada", escreveu Trump na Truth Social.


Em uma entrevista coletiva na manhã desta quinta, o CEO da companhia aérea American Airlines, Robert Isom, saiu em defesa dos pilotos do voo 5342, afirmando que eles tinham experiência no mercado da aviação comercial. Também questionou a presença da aeronave militar na rota de pouso do Aeroporto Nacional Ronald Reagan.


— Neste momento, não sabemos por que a aeronave militar entrou no caminho da aeronave PSA— afirmou.


A identidade de alguns dos passageiros do voo começam a ser conhecidas nos EUA. Vários membros da comunidade da patinação artística estavam a bordo da aeronave civil, incluindo os patinadores artísticos Evgenia Shishkova, de 52 anos, e Vadim Naumov, de 55, ambos de nacionalidade russa, que foram campeões mundiais em 1994.



Todas as decolagens e aterrissagens foram interrompidas no aeroporto, enquanto o pessoal de emergência respondia a um "incidente de aeronave". A previsão é de que o Aeroporto Nacional Ronald Reagan ficasse fechado até às 11h desta quinta-feira (13h em Brasília), segundo informou John Potter, presidente da Autoridade Metropolitana de Aeroportos de Washington.


O último acidente fatal envolvendo uma companhia aérea comercial dos EUA foi o voo 3407 da Colgan Air, que caiu perto de Buffalo, matando 50 pessoas, em 12 de fevereiro de 2009. Especificamente com a American Airlines, o último acidente com vítimas foi em novembro de 2001, quando um grande avião caiu no bairro de Belle Harbor, no Queens, matando 251 passageiros.


Enquanto as causas da colisão ainda não foram esclarecidas, autoridades políticas e aeronáuticas comentaram sobre o cenário. O secretário de Transportes, Sean Duffy, afirmou que os dois voos seguiam "padrões de voo regulares". O piloto Chesley Sullenberger III, que pousou um avião de passageiros com segurança no Rio Hudson, em Nova York, em 2009 — e inspirou o filme "Sully, o herói do rio Hudson", estrelado por Tom Hanks — disse que o pouso à noite sobre a água e as condições da pista do Aeroporto Ronald Reagan podem ter contribuído para o acidente.


O Aeroporto Nacional Ronald Reagan foi construído no final da década de 1930 e exige treinamento adicional para os pilotos que operam nele, disse o capitão Sullenberger. Ele também afirmou que o pouso noturno, e o local do acidente, sobre o rio, apontam para condições de pouso mais desafiadoras.


— Haveria menos luzes de solo visíveis sobre a água do que sobre a terra à noite — afirmou. — Pode ter tornado um pouco mais difícil de ver. Mas isso é suposição. Não sabemos.


Por  — Washington

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