segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Manifestantes protestam contra PEC da Blindagem e Anistia em Campo Grande

 

                                             Manifestantes protestam contra PEC da Blindagem e Anistia em Campo Grande - Crédito: Marcelo Victor / Correio do Estado


Manifestantes contrários à PEC da Blindagem e à Anistia marcaram presença no ato deste domingo (21), com concentração na Avenida Afonso Pena, em Campo Grande. O ato ocorre simultaneamente em várias capitais do país.


O protesto acontece em ao menos 33 cidades e 22 capitais, tendo como pauta a PEC da Blindagem, como ficou popularmente conhecido o projeto de lei (PL) aprovado na última terça-feira (16) na Câmara Federal.


Durante a concentração, os manifestantes entoavam gritos de: “Não tem blindagem, não tem perdão, eu quero ver o Bolsonaro na prisão”. Na sequência, eles seguiram pela Rua 14 de Julho.


O militante da Unidade Popular, Douglas Soares, de 25 anos, em conversa com a reportagem, destacou que a presença da população nas ruas é essencial, em vista do cenário político que o país atravessa.



“A gente teve, há cerca de quase três anos, um ataque à nossa democracia, com os ataques golpistas promovidos pelos partidos fascistas, pelo [ex-presidente] Bolsonaro e pelos generais golpistas. E, neste momento, estão pautadas tanto a PEC da Anistia quanto a PEC da Blindagem, que a gente está popularmente chamando de PEC da ‘Bandidagem’, porque blinda os congressistas, deputados, senadores, de qualquer tipo de investigação e punição”, pontuou Douglas Soares.


Também foram distribuídos panfletos do Plebiscito Popular por um Brasil mais Justo, que a pessoa pode responder se é favorável à escala 6x1 e se quem ganha mais de R$ 50 mil deve pagar mais imposto de renda, isentando quem recebe até R$ 5 mil.


O ex-candidato à prefeitura de Campo Grande, Luso Queiroz, do PSOL, destacou que a luta é contra a anistia ampla que, segundo ele, não envolve apenas a manifestante presa Débora do Batom (Débora Rodrigues dos Santos), mas termina abrangendo também os envolvidos em financiar os protestos.


“Uma anistia que vai além, que alcança patrocinadores, inclusive o crime organizado. E aí entra a PEC da Blindagem, que é dar aos deputados federais, aos presidentes de partidos e aos senadores uma benevolência a mais. Além disso, o Supremo Tribunal Federal, sendo o único a permitir uma investigação ou condenação, [teria o parlamento] com o privilégio de ser ao mesmo tempo investigador e juiz”, disse Luso.


Presente na mobilização, a vereadora Luiza Ribeiro (PT) fez duras críticas ao Congresso Nacional, que, segundo ela, está pautando uma agenda que atende aos interesses do ex-presidente.


“Estamos vendo uma barbaridade, reflexo da condenação do Bolsonaro. A importância da condenação não está na pessoa do condenado, mas na simbologia da fortaleza das instituições brasileiras. Somos capazes de julgar com as mesmas regras, com os mesmos tribunais, com a mesma justiça qualquer pessoa — seja alguém que cometeu um furto ou assalto, seja alguém que organizou um golpe contra a democracia e as eleições”, pontuou a vereadora.


Com a presença da Polícia Militar, os manifestantes param a caminhada quando a sinalização semafórica fecha e tomam a rua para erguer cartazes. Após a liberação, seguem o percurso entoando palavras de ordem.


Entenda

Após passar pela Câmara, o PL da PEC da Blindagem seguiu para o Senado Federal. Pelo texto, a proposta amplia a proteção a deputados, senadores e presidentes de partidos, dificultando a investigação e o julgamento criminal de parlamentares pelo Supremo Tribunal Federal. Segundo o texto, para que o STF investigue um parlamentar, é necessária autorização da Câmara Federal ou do Senado.


Dos 513 deputados, 482 votaram, sendo 314 a favor do voto secreto e 168 contra o voto secreto. Veja como votou cada deputado federal de MS:


A FAVOR

Beto Pereira (PSDB)

Dagoberto Nogueira (PSDB)

Luiz Ovando (PP)

Marcos Pollon (PL)

Rodolfo Nogueira (PL)

CONTRA

Camila Jara (PT)

Vander Loubet (PT)

Geraldo Resende (PSDB)

Outra pauta levantada é a crítica à proposta de anistia que tramita no Congresso Nacional. Ela trata do perdão de crimes para os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, podendo inclusive restaurar os direitos políticos daqueles que perderam o mandato em decorrência desses atos. Em uma versão mais ampla, pode alcançar o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) e os envolvidos na trama golpista.


LAURA BRASIL E FELIPE MACHADO

Correio do Estado



Nenhum comentário: