terça-feira, 30 de setembro de 2025

CPMI do INSS ouve gestor da Conafer, acusado de lesar agricultores familiares

 


"Os lesados são idosos, agricultores familiares, indígenas, ribeirinhos, os mais vulneráveis, vítimas de um esquema bilionário. Na CPMI, vou até o fim para responsabilizar quem quer que seja", disse a senadora.


A CPMI do INSS ouviu nesta segunda-feira, 29/09, o depoimento de Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer).A Conafer está entre as entidades com maior volume de descontos nas mensalidades de aposentados, segundo investigação da Polícia Federal (PF).


“O crescimento vertiginoso da arrecadação da Conafer, que saltou de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões, coincide com o período em que se intensificaram os descontos indevidos diretamente nos benefícios previdenciários de milhões de segurados”, explicou o relator da comissão, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).


Ainda segundo o relator, “a Conafer arrecadou no INSS mais de R$ 800 milhões em cinco anos e parte considerável desse dinheiro, cerca de R$ 150 milhões, foi direcionado a Cícero Marcelino, que era seu sócio”. “Mais do que isso, há várias relações escusas a serem esclarecidas. A amostragem da CGU revelou que 100% dos aposentados supostamente associados à Conafer não reconheceram autorização para desconto associativo”, acrescentou Alfredo Gaspar.


“O depoente veio aqui para não se autoincriminar, mas os dados da CPMI são suficientes para mostrar que a Conafer meteu a mão grande no dinheiro dos aposentados e pensionistas”, concluiu o relator. Com ironia, Carlos Lopes negou todas as denúncias e disse que “a Conafer faz um trabalho em prol dos brasileiros em mais de 2 mil municípios”.


A senadora Tereza Cristina (PP-MS), que integra a CPI, preparou perguntas a Carlos Lopes sobre a parceria que a Conafer tentou assinar com o Incra, em novembro de 2024, e também sobre sua nomeação pelo Ministério da Agricultura, já no governo Lula, para o comitê gestor do Matopiba – nomeação essa ocorrida um dia antes da Operação Sem Desconto, da PF. “O depoente manteve-se em cargos estratégicos do governo Lula mesmo depois das denúncias contra a Conafer”, explicou Tereza Cristina.


Tereza destacou ainda que a Conafer seguiu cadastrando associados mesmo após ter sido determinado o o bloqueio dos descontos do INSS. “O que estamos revelando na CPMI do INSS é gravíssimo! Milhares de aposentados da zona rural — gente simples, que trabalhou a vida inteira no campo — foram roubados por descontos ilegais em seus benefícios”, afirmou a senadora.


“Estamos falando de idosos, agricultores familiares, indígenas, ribeirinhos… exatamente os mais vulneráveis, vítimas de um esquema bilionário”, acrescentou Tereza Cristina. “Na CPMI, vou até o fim para responsabilizar quem quer que seja. Já fizemos 21 pedidos de prisão e vamos continuar até punir todos os responsáveis”, concluiu.


Depoimento adiado


O depoimento de Fernando Cavalcanti, inicialmente previsto para essa segunda-feira, foi adiado. Ele é apontado como ex-sócio do advogado Nelson Wilians Rodrigues, cuja prisão preventiva foi aprovada pela CPMI. Cavalcanti também teria ligação com Antônio Carlos Camilo Antunes.


“Sua participação em estruturas societárias relacionadas a Nelson Wilians e sua proximidade com o ambiente empresarial de Antônio Carlos Camilo Antunes, o ‘Careca do INSS’, justificam sua convocação como testemunha, diante das investigações sobre as fraudes no INSS”, afirma o requerimento assinado por Alfredo Gaspar. O depoimento de Cavalcanti deverá ocorrer na próxima sessão da CPMI.


Com informações da Agência Senado

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