quarta-feira, 2 de julho de 2025

China confirma que Xi vai desfalcar cúpula esvaziada do Brics no Rio

 

                                           Liu Bin/Xinhua



O Ministério do Exterior da China confirmou nesta quarta-feira (2), em Pequim, que o primeiro-ministro Li Qiang vai representar o país na 17ª cúpula do grupo Brics, de 5 a 8 de julho no Rio de Janeiro. O órgão não informou o motivo para o líder Xi Jinping não comparecer.


A confirmação corrobora os temores de um evento sem aliados importantes do Brasil. Também já anunciaram suas ausências chefes de Estado relevantes como os da Rússia e do Egito, Vladimir Putin e Abdel Fattah al-Sisi, respectivamente. Outros dois que decidiram enviar representantes em vez de aceitar o convite brasileiro foram os presidentes da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e do México, Claudia Sheinbaum.


Em fevereiro, o chanceler chinês, Wang Yi, já havia informado o assessor do Palácio do Planalto, Celso Amorim, que Xi estava com "dificuldades de agenda" para participar da cúpula, sem detalhar quais.


Pouco antes, em novembro, o líder havia visitado o presidente Lula, que rejeitou então a entrada do Brasil na Iniciativa Cinturão e Rota, programa para investimento em infraestrutura, frustrando os projetos chineses para o setor no país. Brasília recusou até mesmo o casal de pandas oferecido por Pequim durante as negociações.


Com a viagem de Lula em maio para o Fórum China-Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe), que vinha sendo cobrada por Pequim, a expectativa era de que Xi retribuísse na cúpula do Brics. A viagem resultou no anúncio de inversões de empresas chinesas no Brasil, mas não diminuiu a resistência ao encontro no Rio de Janeiro.


Além do Brasil, o premiê chinês também deve visitar o Egito, de 9 a 10 de julho, segundo o Ministério do Exterior.


Mesmo com as ausências, cerca de 20 dos 28 países confirmaram que irão mandar o mais alto nível de representação, de acordo com o governo Lula. Hoje, além do Brasil, são membros plenos do Brics Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Irã e Arábia Saudita. O grupo tem ainda uma lista de nações parceiras —Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.


No caso dos países árabes, a ausência se deve à tensão no Oriente Médio. Além do caso do Egito, não se sabe qual será o nível de representação de países como Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Irã, segundo uma autoridade do governo brasileiro ouvida pela Folha na semana passada.


No caso dos sauditas, uma representação de nível inferior já era esperada —o país governado na prática pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman foi convidado a se incorporar ao Brics em 2023, mas nunca respondeu oficialmente. Desde então, a monarquia tem participado das reuniões, mas quase nunca se manifesta. Na cúpula de 2024, em Kazan, na Rússia, o chefe da delegação foi o chanceler, príncipe Faisal bin Farhan Al Saud.


Já os Emirados Árabes Unidos podem repetir a fórmula usada na reunião do G20 do ano passado, também no Rio. Na ocasião, o representante escalado foi o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, xeque Khaled bin Mohamed bin Zayed Al Nahyan. Ele é filho do presidente do país, xeque Mohammed Bin Zayed Al Nahyan.


Nelson de Sá

Folha de São Paulo

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