Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou retirar isenções fiscais da Universidade Harvard após a instituição se negar a atender demandas do governo republicano em troca da manutenção de financiamento federal.
"Talvez Harvard devesse perder seu status de [instituição] isenta de impostos e fosse taxada como uma entidade política, caso continue estimulando a doença política, ideológica e inspirada em terroristas", escreveu o presidente americano na rede Truth Social.
Mais tarde, a porta-voz da Casa Branca Karoline Leavitt disse que o presidente quer ouvir de Harvard um pedido de desculpas "pelo ultrajante antissemitismo que aconteceu no campus contra estudantes judeus".
Trump tem explorado os protestos pró-Palestina que irromperam em universidades americanas em 2024, acusados de antissemitismo por apoiadores de Israel, para pressionar faculdades de elite a se submeterem aos objetivos culturais do trumpismo —ou seja, cortar programas de diversidade e suspender discussões nesse sentido.
Nesta segunda-feira (14), Harvard rejeitou as demandas do governo e disse que não renunciaria a sua independência nem abriria mão de direitos constitucionais, afirmando ainda que as demandas iam além do poder do Executivo federal.
Algumas horas depois, a Casa Branca anunciou o congelamento de US$ 2,2 bilhões em verba para a universidade e mais US$ 60 milhões em contratos.
A gestão Trump afirma, como no caso de várias outras universidades pelo país, que a instituição de ensino não faz o suficiente para coibir casos de antissemitismo nos campi, locais onde centenas de manifestações pró-Palestina e contra as ações de Israel na Faixa de Gaza ocorreram em 2024.
Harvard é a primeira grande instituição de ensino superior a desafiar as ameaças do republicano de corte de financiamento se exigências do governo federal não forem acatadas.
A Casa Branca alertou pelo menos 60 outras universidades sobre possíveis ações devido a suposta falha em cumprir leis federais relativas a direitos civis e ao antissemitismo.
A Universidade Columbia, foco dos protestos pró-Palestina, cedeu em parte à pressão do republicano e aceitou uma série de demandas relativas ao controle do campus, como a autorização para detenções dentro dos limites da universidade e a intervenção na gestão do departamento de estudos sobre Oriente Médio, retirando o órgão do controle docente, entre outros pontos.
"Fica claro que a intenção [do governo] não é trabalhar conosco para abordar o antissemitismo de maneira cooperativa e construtiva", afirmou o reitor de Harvard, Alan Garber. "Embora algumas das exigências delineadas pelo governo visem combater o antissemitismo, a maioria representa uma regulamentação governamental direta das ‘condições intelectuais’ em Harvard."
Folha de São Paulo
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