Decreto válido por 90 dias é reflexo do aumento dos casos de doenças respiratórias com mortes e superlotação em postos.
Em reunião emergencial neste sábado (26/04), a Prefeitura de Campo Grande anunciou medidas para remediar a crise na saúde municipal causada pelo aumento de SRAG )(Síndrome respiratória Aguda Grave) e outras doenças sazonais. De janeiro até agora, a cidade registrou 70 mortes por conta da doença e enfrenta superlotação em unidades de saúde e falta de leitos.
Entre elas, já está autorizada a liberação da vacina contra a gripe para todos a partir de amanhã (27/04), com exceção a crianças com menos de seis meses. Atualmente, apenas grupos mais vulneráveis podem se imunizar.
Outra é o decreto de emergência com validade de 90 dias que será publicado ainda hoje. A medida vai permitir que o Município faça compras diretas e aplique mais verbas no que for urgente. A previsão é que seja publicado hoje, em edição extra do Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande).
Medidas que foram apresentadas na reunião:
Criar um plano de contingência de atendimento pediátrico, sendo o PAI (Pronto Atendimento Infantil) do CRS (Centro Regional de Saúde) a referência apenas para os casos graves e as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) Coronel Antonino e destinadas para atendimento pediátrico 24 horas. Poderá haver transferências entre UPAs;
Mais funcionários, mais materiais e medicamentos, além da reestruturação física necessária;
Parceria técnica e financeira com a Secretaria de Estado de Saúde e Ministério da Saúde;
Parceria com a sociedade e imprensa;
Comunicar à população as medidas de prevenção e tratamento.
Durante o encontro, foi informado que nenhum hospital da rede privada dispõe ou tem capacidade de ampliar leitos para atender a demanda do SUS (Sistema Único de Saúde), especialmente para UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica.
Conforme a titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Rosana Leite, a medida irá permitir que o Executivo adote estratégias operacionais para melhorar o atendimento à população.
A Prefeita Adriane Lopes aprovou todas as sugestões apresentadas pela Sesau para lidar com o déficit de leitos. Entre elas, está a possibilidade de transferir crianças do Pronto Atendimento Infantil, no Bairro Tiradentes, para as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) Universitário ou Coronel Antonino. As duas unidades de saúde operam 24 horas e teriam estrutura para receber os pacientes.
Atualmente, a norma do Ministério da Saúde aponta que o paciente precisa ser transferido para um hospital depois de 24 horas de internação em uma unidade de saúde.
“Nós vamos fazer um trabalho conjunto. O Pronto Atendimento Infantil e essas duas UPAs para trabalhar como se fosse um conjunto. De repente, um paciente que vai para o Pronto de Atendimento, ele não está com uma situação tão grave, mas precisa ficar em observação dois ou três dias, ele vai para essa outra UPA, nós transferiremos, nós fazemos toda essa sistemática”, explica.
O Pronto Atendimento Infantil irá se tornar referência para internação dos casos mais graves diante da falta de leitos em hospitais, já que dispõe de uma infraestrutura mais especializada.
“O que é esse plano de contingência? O Pronto Atendimento Infantil, onde nós temos pediatras 24 horas, nós temos fisioterapeutas, nutricionistas, nós temos equipamentos de fisioterapia […] nós colocaremos os casos mais graves, porque o manejo é melhor, os dados que analisamos depois da implantação do Pronto de Atendimento Infantil nos dão essa certeza e essa segurança que lá é um local onde as crianças serão bem atendidas”, explicou.
Participaram da reunião a prefeita Adriane Lopes (PP), a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, a vice-prefeita Camilla Nascimento e os vereadores Silvio Pitu (PSDB), Maicon Nogueira (PP), Veterinário Francisco (União) e Wilson Lands (Avante).
Atenção com as crianças
De acordo com a Secretária Municipal de Saúde Rosana, a situação é crítica principalmente entre as crianças. “Entre as crianças, isso está sendo realmente considerado uma das grandes preocupações nossas, da nossa prefeita. Nós já temos mais de 70 óbitos por síndrome respiratória grave desde janeiro até agora, mas nos últimos meses nós tivemos óbitos de quatro crianças, crianças abaixo de quatro anos, tivemos óbitos de mais duas crianças”, disse.
Diante disso, a recomendação é cuidado com bebês, principalmente. “O mais importante, toda criança abaixo de seis meses, não pode sair muito de casa, tem que evitar aglomeração, grandes visitas. O sistema imunológico dos bebês é muito frágil ainda, está em formação”, alertou.
Nível 01
Segundo avaliação da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), a Capital está no nível um na escala de quatro níveis de alerta epidemiológico.
O cenário é de:
Aumento de casos;
Tendência de alto risco de aumento de circulação de vírus e doenças nas próximas quatro a seis semanas;
Aumento do tempo de permanência nos leitos hospitalares e locais de pronto atendimento;
Déficit de leitos, com ocupação acima de 100% (pacientes ficam nos corredores);
Não foi possível aumentar quantidade de leitos pediátricos na rede pública e privada;
Influenza A e VSR (vírus sincicial respiratório) respondem à maioria dos casos.

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