Etadão
O Itaú Unibanco passou a prever uma retração do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, em meio a um cenário de taxa de juros mais elevada. Em relatório divulgado nesta segunda-feira, 25, o banco informou que alterou sua projeção para o PIB de alta de 0,5% queda de 0,5% no ano que vem. A mudança deve-se às alterações para cima nas expectativas para a taxa Selic. Contudo, para 2021, a estimativa para o PIB foi mantida em crescimento de 5%.
"Taxas de juros mais altas levarão a uma atividade econômica mais fraca, e agora vemos recuo moderado de 0,5% do PIB em 2022 (nossa projeção era de crescimento de 0,5% anteriormente)", diz o relatório.
De acordo com o Itaú, o aumento da incerteza fiscal implica em um risco país mais alto, maior depreciação do real, piores perspectivas para a inflação e, em última instância, uma taxa de juros neutra mais alta.
Neste cenário, o banco elevou sua projeção para a Selic. "Entendemos que o Copom entrará em regime de contenção de danos e aumentará a taxa Selic em 1,5 p.p., para 7,75% a.a. em sua próxima reunião (nesta quarta-feira, 27), seguido de outro aumento de 1,5 p.p. na reunião de dezembro, e encerrará o ciclo com duas altas adicionais de 1,0 p.p., a 11,25% a.a.", afirma o relatório assinado pelo economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita.
Gastos do governo
Conforme o banco, notícias sobre o aumento dos gastos fiscais aumentaram as dúvidas sobre o futuro do arcabouço fiscal no Brasil, que desde 2016 tem sido baseado em um teto de gastos ajustável. "Embora a discussão sobre dominância fiscal pareça exagerada no momento, é verdade que, sem uma âncora fiscal crível, a tarefa do banco central de manter a inflação na meta se torna mais difícil", afirma.
A instituição ressalta que os mercados reagiram de forma bastante negativa às notícias sobre as prováveis mudanças no arcabouço de política fiscal do Brasil, indicando que sua credibilidade pode ter sido prejudicada.
Segundo o Itaú, a proposta de emenda constitucional 23/21 (PEC 23/21), que tramita no Congresso Nacional, altera retroativamente o mecanismo de reajuste anual do teto de gastos, que passará a ser baseado na inflação do ano até dezembro, e não até junho, como no cálculo original adotado em 2016. Além disso, limita as despesas anuais com precatórios.
Teto 'furado'
Como resultado dessas mudanças, acrescenta, o governo poderá aumentar as despesas em até R$ 75 bilhões (0,8% do PIB) sem furar este teto de gastos expandido. "Consequentemente, esperamos agora que o déficit primário aumente de 0,8% do PIB em 2021 para 1,5% do PIB em 2022 (ante um déficit de 0,7% do PIB no último cenário)", diz.
Com um déficit primário maior, crescimento mais fraco do PIB e taxas de juros mais altas, a dívida bruta do setor público, que cairá para 82,1% do PIB em 2021 (de 89% no fim de 2020), voltará a subir, para 86% do PIB em 2022, conforme o banco.
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