quarta-feira, 9 de junho de 2021

Argentina redobra cuidado contra triquinose

 



Cuidados são para criação, preparação e caça de animais silvestres
Por:  -Eliza Maliszewski

Diagnosticada na Argentina pela primeira vez em 1898, a triquinose, é uma doença transmitida por alimentos (ETA) e uma zoonose parasitária no país. As pessoas adoecem consumindo carne mal passada ou produtos crus feitos de carne de porco ou de animais selvagens, como javali ou puma, que contêm larvas de parasitas do gênero Trichinella em seus músculos.



Uma vez que as pessoas ingerem produtos que contêm larvas, elas são liberadas no estômago, continuam seu ciclo no intestino e após a reprodução, migram pela corrente sanguínea para os músculos, onde se alojam, o que pode causar febre, diarréia, inchaço das pálpebras, vômitos, coceira na pele, dor e dificuldades motoras.


Esta doença, com forte impacto na saúde humana, apresenta um quadro clínico bastante variável, podendo ir desde uma condição assintomática até uma doença fatal, dependendo do número de larvas ingeridas e do estado imunológico do hospedeiro.


O abate doméstico e o abate de suínos no campo, hábitos difundidos na população rural e periurbana, destinam-se tanto ao autoconsumo como à distribuição e comercialização de produtos suínos caseiros ou artesanais.


“Como são utilizadas carnes cruas neste processo, as salsichas, salsichas e produtos salgados resultantes podem conter larvas dos parasitas causadores da doença”, explica Tatiana Aronowicz, veterinária da área de Zoonoses da Direcção Nacional de Saúde Animal argentina.


Quem faz embutidos a partir de carne crua de porco ou de animais selvagens, deve primeiro verificar se esta matéria-prima é própria para consumo humano. Para tanto, devem enviar uma amostra da carne de cada animal para análise laboratorial por meio do teste de digestão artificial, que é a técnica reconhecida e eficaz para detecção de larvas de parasitas Trichinella spp.


Na Argentina existem laboratórios aos quais os usuários podem recorrer, localizados em diferentes localidades do interior do país, que se destinam a atender às necessidades de cada região. Além disso, quem fabrica alimentos de origem suína deve lembrar que salgar e fumar não matam o parasita, nem cozinhar no microondas nem congelar, portanto, esses produtos devem ser sempre preparados com carne negativa no teste diagnóstico.


A amostra para diagnóstico em suínos deve ser extraída do diafragma (vísceras), pois é o músculo, juntamente com a língua, onde há maior densidade larval e, portanto, maior probabilidade de encontrar larvas. Em animais selvagens, a amostra também é obtida do diafragma, perna dianteira, língua ou masseter. Em todos os casos, deve pesar cerca de 40 g, ser refrigerado até o transporte para o laboratório e nunca deve ser congelado. Em nenhuma razão esses produtos devem ser consumidos ou comercializados até a confirmação de que o diagnóstico da amostra é negativo para triquinose.


A ocorrência da doença em animais é favorecida pela criação de suínos em condições higiênico-sanitárias de risco, como a presença de roedores ou acesso a lixões. “Nessa situação, aumentam as chances de início do ciclo de transmissão: porcos ingerem larvas de parasitas encontradas em roedores ou cadáveres, essas entram no corpo onde completam o ciclo, se reproduzem e migram até se alojar na musculatura dos porcos”, garantiu Mariana Barros , Médico Veterinário da Coordenação de Agricultura Familiar.


É importante notar que os suínos parasitados não apresentam sinais de doença, nem sua carne apresenta alterações em sua aparência, cor, cheiro ou sabor, de modo que a triquinose não pode ser vista a olho nu no campo ou em produtos alimentícios derivados.


Não existem vacinas ou tratamentos a administrar em animais vivos. É muito importante combater a presença de roedores, pois eles são possíveis portadores da doença e podem transmiti-lá aos porcos.


O Brasil é livre da doença mas passa por avaliações rigorosas para a exportação de carne suína.

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