O setor agropecuário argentino entrou em alerta contra a escalada de autoritarismo e avanço do governo contra a propriedade privada no país vizinho. Os peronistas já estatizaram empresas e impuseram grandes impostos sobre a atividade produtiva rural, repetindo medidas que tiraram grande parte da competitividade da Argentina no mercado mundial e provocando fuga de investimentos.
A última medida foi a restrição de exportações, imposta sem qualquer negociação prévia ou diálogo democrático, o que provocou reações mais fortes por parte do Comitê de Ligação de Entidades Agrícolas, uma entidade que reúne as associações mais representativas do campo argentino. Confira o comunicado:
Setor agropecuário em alerta
Diante da escalada de declarações públicas de funcionários do governo nacional sobre o restabelecimento de mecanismos comprovadamente ineficazes, como o registro de exportação, que dão origem à arbitrariedade manifesta das decisões do governo, a Comissão de Enlace de Entidades Agrícolas levantou sua voz de alarme e, fiel à sua vocação para o diálogo, na semana passada solicitou audiências com os ministros com interferência no assunto: Agricultura; Desenvolvimento Produtivo e Economia e Finanças. Os pedidos foram baseados na promessa feita pelo Presidente da Nação durante o último encontro, quando assegurou que antes de tomar qualquer medida de alto impacto para o setor, falaria com esta Comissão de Enlace.
De momento, não só não houve resposta dos responsáveis como, mais uma vez, contrariando o seu compromisso, o Governo publicou hoje no Diário da República o lançamento de uma nova “Declaração de Operações de Exportação de Carne”. Essa medida lembra o desastroso ROE, por meio do qual as exportações de bens de origem agrícola eram restringidas e dirigidas a seu critério, causando danos irreparáveis à produção. Da mesma forma, ontem também foi publicada a Resolução 60, que estabelece uma série de resoluções e cumprimento para quem deseja exportar.
Ambas as medidas somam-se a outras políticas anteriormente implementadas sem consulta, sempre prejudicando o produtor que necessita de incentivos promocionais para continuar a produzir bens e colocá-los no mercado interno e externo. Tudo isso mostra que não há um verdadeiro compromisso com o diálogo, nem uma tentativa de articulação de consensos por parte do governo nacional para gerar desenvolvimento produtivo, social e econômico. Pelo contrário, mostra que essas promessas foram apenas uma encenação para confundir a opinião pública, traduzindo a nossa vocação em um esforço infrutífero.
Essa situação nos coloca em estado de alerta e abre um momento de consulta às nossas bases, pois rompe com a promessa de diálogo das autoridades e mostra um desinteresse muito alto nos produtores e no setor, que tanto aporta divisas aos cofres do Estado, ao fornecer alimentos aos argentinos. Da mesma forma, fortaleceremos nossas demandas públicas a governadores, legisladores e forças políticas, a fim de transmitir-lhes nossa visão sobre o setor e as políticas que consideramos virtuosas para a produção, a atividade econômica e a geração de empregos, distantes das implementadas nas últimas horas.
Não deixa de nos surpreender que, no momento em que o país mais necessita de coesão para sair do atoleiro em que se encontra, em consequência da grave crise sanitária, econômica e social em que se encontra, o governo nacional decida fechar-se em si mesmo. É isso que faz quando decide prescindir do diálogo e buscar o consenso, que é a única forma de conseguir a construção coletiva da Argentina que todos desejamos.
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