Comerciantes alegam que estabelecimentos têm sido alvos de moradores de rua e cobram mais segurança
Fábio Oruê
Moradores de rua e usuários de drogas são um problema antigo em Campo Grande, principalmente nas áreas que integram o entorno do centro da cidade. Essas pessoas têm causado dor de cabeça para lojistas e empresários por conta da sujeira e insegurança que deixam por onde passam. A situação é ainda mais preocupante por conta da pandemia do coronavírus, que tem circulado e feito vítimas na Capital.
Todo dia a situação é a mesma: restos de comida, papelão, bitucas de cigarro, roupas, preservativos e até detritos fisiológicos são encontradas nas calçadas do Centro, em frente a lojas, restaurantes e lanchonetes. Com o mau cheiro exalando nos locais, como consequência, são os próprios comerciantes que precisam limpar a sujeira daqueles que não têm moradia.
“Todo dia a gente chega aqui entre 4h30min e 5h; tem dia que está insuportável. Defecam, urinam nas árvores na lateral do meu estabelecimento, e fica daquele jeito. A gente tem de limpar e lavar quase todo os dias ali, porque o mau cheiro é bem complicado”, disse o empresário Ilson Amélio Jr. ao Correio do Estado.
O empresário tem um restaurante na Avenida Calógeras e falou que essa situação está espantando os clientes. “A pessoa que vem uma vez e vê a situação aqui do lado não volta mais”, reclamou.
A equipe de reportagem percorreu as vias no entorno do Mercadão Municipal e constatou que, mesmo durante a tarde, os moradores de rua usam as calçadas como moradia.
Na região, o banheiro público mais próximo é o da Praça Ary Coelho, mas o local está fechado como medida de enfrentamento ao coronavírus. Normalmente, a praça já é fechada durante a noite ou para limpeza.
Os lojistas, indignados com as circunstâncias, procuraram a Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande (CDL/CG) para tentar resolver a situação desagradável.
Para o presidente da instituição, Adelaido Vila, as medidas de assistência social precisam ser empregadas na Capital para a resolução do problema com as pessoas em situação de rua, principalmente por conta do coronavírus.
“Estamos com um toque de recolher a partir das 20h, e essas pessoas precisam ser resgatadas das ruas, evitando que haja a contaminação pela Covid-19 e que o vírus seja levado a outros grupos semelhantes em outros pontos da cidade. [...] São pessoas que infelizmente estão sem banho, estão sem máscara. É até uma questão de humanidade. E [eles] são potenciais [alvos] de qualquer tipo de enfermidade. Eu acho que precisa de uma atenção especial a esse grupo de risco. [...] À noite, o Centro está totalmente abandonado”, disse ele.
Procurada, a prefeitura em nota explicou que os serviços socioassistenciais da Secretaria Municipal de Assistência Social (SAS) foram intensificados durante a pandemia por meio das abordagens sociais com equipes volantes, atendendo especificamente na área central 24 horas por dia.
Porém, segundo o Executivo municipal, seguindo o art. 5º da Constituição Federal, as equipes de abordagem fazem a oferta dos serviços às pessoas em situação de rua, que têm por opção aceitar ou não serem atendidas pelo serviço a elas proposto.
SEGURANÇA
Outro ponto que preocupa e atrapalha os comerciantes em relação aos moradores de rua é a insegurança de quem ali transita. Muitas pessoas temem estacionar o carro na região próxima ao Mercadão. “Pessoal não deixa o carro aqui porque [se a pessoa não der dinheiro] eles riscam o carro”, disse Amélio.
Proprietário de uma barbearia e de um estabelecimento na Rua Dom Aquino, o empresário Thiago Oliveira diz que não pode reclamar com eles da sujeira por conta do perigo: “Eles são agressivos. Vivem com faca, pau, pedra. Até tiro já teve: duas vezes em menos de dois meses”, contou.
O dono do restaurante disse também que brigas entres pessoas em situação de rua são comuns na região. “Duas mulheres brigaram de pau ali na esquina, xingando com nomes pesados, e com o pessoal almoçando. A gente não sabe o que fazer. Eles também roubaram um cara à tarde na frente do meu restaurante. Levaram todo o dinheiro do cara”, disse Oliveira.
Segundo os comerciantes ouvidos, a Guarda Civil Metropolitana – que tem um posto da praça Ary Coelho – por vezes passa pelo local e dispersa os moradores de rua, mas eles voltam logo em seguida. “Entre 8h30min e 9h, a Guarda vem e manda eles embora. Mas alguns saem, dão uma volta e depois voltam para o mesmo lugar”, revelou Oliveira.
Com informação do Portal Correio do Estado
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