segunda-feira, 6 de julho de 2020

Alta nas cotações do milho


No curto prazo, nem mesmo a melhoria nas condições das lavouras de milho estadunidenses evitou o aumento nas cotações
Por:  -Aline Merladete 


As cotações do milho em Chicago subiram igualmente nesta semana. O bushel do cereal, para o primeiro mês cotado, fechou a quinta-feira (02/07) em US$ 3,42, após ter chegado a US$ 3,48 na véspera, contra US$ 3,17 uma semana antes. Este preço do início de julho é o mais elevado desde o final de março passado. Por outro lado, a média de junho ficou em US$ 3,27/bushel, contra US$ 3,18 em maio.


Análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos Agropecuários.

A reação das cotações do milho se deveu ao relatório de plantio nos EUA, anunciado no dia 30/06. O mesmo apontou uma área em elevação de apenas 3% sobre o ano anterior, frustrando o mercado. A referida área seria de 37,2 milhões de hectares. Em safra normal, diante de tal área, a produção total estadunidense poderá chegar entre 370 e 400 milhões de toneladas, superando largamente a última colheita, porém, ficando abaixo das primeiras projeções, as quais chegam a apontar um volume final de 406 milhões de toneladas.

Além disso, o relatório de estoques trimestrais, na posição 1º de junho, aumentaram apenas 1% em relação a 2019, atingindo a 132,6 milhões de toneladas, ficando dentro do patamar esperado pelo mercado.

No curto prazo, nem mesmo a melhoria nas condições das lavouras de milho estadunidenses evitou o aumento nas cotações diante dos números dos relatórios. De fato, as lavouras entre boas a excelentes subiram para 73% do total nos EUA, contra 22% regulares e 5% entre ruins a muito ruins. Cerca de 4% das lavouras estão em fase de embonecamento, ficando abaixo dos 7% da média histórica.

Neste sentido, conjunturalmente passou a preocupar o mercado a possibilidade de clima seco nas próximas duas semanas na região produtora dos EUA.

Já em termos de exportações, na semana encerrada em 25/06, os EUA embarcaram 1,23 milhão de toneladas, ficando dentro das projeções do mercado. Em todo o atual ano comercial aquele país exportou 33,2 milhões de toneladas até o momento, representando 20% do que no mesmo período do ano anterior.

Ou seja, os fatores fundamentais de longo prazo, em clima normal nos EUA, são igualmente baixistas para o milho.

Aqui no Brasil, os preços se mantiveram estáveis, porém, com pressão de forte baixa nas regiões de colheita da safrinha, exceção feita a São Paulo onde há frustração de safra. Assim, no Rio Grande do Sul a média no balcão ficou em R$ 43,60/saco, enquanto no Paraná a mesma atingiu entre R$ 40,00 e R$ 42,00/saco; na região central de Santa Catarina R$ 43,00; em Rondonópolis (MT) R$ 35,00; em Maracaju (MS) R$ 37,00; em Campinas o CIF passou a R$ 52,00, enquanto em Itapetininga (SP) o valor ficou em R$ 49,00/saco. Por fim, em Goiás o saco de milho ficou em R$ 39,00.

Em termos de colheita da safrinha, até o dia 26/06 o Mato Grosso atingia a 32% de sua área, contra a média histórica de 40%, enquanto no Paraná as chuvas frearam o processo de corte, ficando aquele Estado com 9% no início de julho, Goiás chegava a 8%.
O que tem dado certa sustentação aos preços do milho, nesta fase de colheita da safrinha, é o câmbio, o qual favorece as exportações. Mesmo assim, enquanto a safrinha estiver sendo colhida a tendência é de os preços cederem. O tamanho do recuo irá depender do ritmo das exportações, o qual depende muito do câmbio.

De forma geral, o Centro-Sul brasileiro havia colhido 18% de sua área até o dia 26/06 (cf. Datagro). Mas a colheita está atrasada em relação ao ano passado, quando nesta época já havia 32% da área colhida. Este atraso era esperado devido ao retardamento do plantio da safrinha em função de problemas climáticos. A média histórica de colheita para o final de junho é de 14%.

A expectativa continua sendo de uma colheita da safrinha ao redor de 71,6 milhões de toneladas, fato que elevaria o total nacional colhido em 2020 para 108 milhões.

Na BM&F os contratos de milho para julho/20 estiveram cotados a R$ 49,05/saco neste início de julho, enquanto setembro ficou em R$ 46,90, novembro em R$ 49,26 e janeiro/21 em R$ 50,20/saco.

Por outro lado, segundo a Secex, em 21 dias úteis de junho o Brasil exportou 348.130 toneladas de milho, deixando a média diária menor em 73,6% em relação a 2019. O preço da tonelada do cereal atingiu a US$ 165,70 neste período de junho. Espera-se que, diante da entrada da safrinha e a melhoria do câmbio, as exportações cresçam significativamente a partir deste mês de julho. Mesmo assim, boa parte do mercado começa a considerar difícil o país alcançar 34 milhões de toneladas no final do ano comercial 2020/21, que se encerra em 31 de janeiro próximo. O volume considerado factível neste momento gira entre 28 e 30 milhões de toneladas.

No geral, apesar do recuo dos preços nas regiões produtoras da safrinha, os mesmos ainda estão largamente superiores aos praticados nesta época do ano passado. No caso do balcão gaúcho, por exemplo, a média atual é 37,2% superior ao preço médio do início de julho de 2019.

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