quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Nazista passou últimos anos de vida trancado em porão na Síria, diz revista


FolhaPress                          Foto: Foto: Imagem do livro de Honsik.



Alois Brunner, responsável pela morte de 130 mil judeus, passou seus últimos anos trancado em um porão em Damasco, onde definhou em condições esquálidas, segundo uma investigação publicada nesta quarta-feira (11) pela revista francesa "XXI".

A reportagem, endorsada por especialistas na área, é uma tentativa de solucionar o mistério em torno do nazista Brunner, que chefiava o campo de Drancy, onde judeus franceses eram mortos dentro de câmaras de gás.

O criminoso de guerra, nascido na Áustria, fugiu da Alemanha no fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) rumo ao Egito com um passaporte em nome de Georg Fischer. Ele envolveu-se no movimento pela independência da Argélia antes de mudar-se para a Síria.

Em Damasco, Brunner colaborou com a polícia secreta, transferindo métodos de interrogação -e tortura- desenvolvidos pelos nazistas na Alemanha. Ele sobreviveu, segundo relatos, a uma bomba, perdendo um olho e quatro dedos na explosão.

Há no entanto uma série de lacunas na história, e não há confirmação sobre seus últimos anos. O Centro Simon Wiesenthal em Viena, que monitora nazistas, havia anteriormente dito que ele morreu na Síria em 2010.

A revista "XXI" diz, porém, que o nazista esteve sob uma espécie de prisão domiciliar em Damasco a partir de 1989, limitado à área subterrânea de seu apartamento, e que morreu em 2001. Brunner tinha à época 89 anos.

A investigação francesa foi elogiada pelo notório caçador de nazistas Serge Klarsfeld, segundo a agência de notícias AFP. A revista entrevistou ex-funcionários do serviço secreto sírio. Segundo eles, Brunner não arrependeu-se dos crimes e morreu ainda como antissemita.

Guardas da prisão domiciliar relataram que ele "sofria e chorava muito" em seus últimos anos e que mal podia lavar-se. Ele alimentava-se de rações militares e tinha que escolher entre ovos e batatas, em suas refeições.

"Estamos satisfeitos em saber que ele viveu mal", afirmou Klarsfeld à AFP.

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