Teerã e Hamas culpam Israel pelo ataque, que não se manifestou sobre o caso
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que o país "tem o dever de buscar vingança" após a morte do chefe político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã. O ataque, atribuído pelo movimento palestino e pelo governo iraniano a Israel, foi lançado nesta quarta-feira, enquanto Haniyeh participava da posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian.
"O regime sionista criminoso e terrorista martirizou nosso querido hóspede em nosso território e causou nossa dor, mas também preparou o terreno para uma punição severa", escreveu o líder supremo iraniano na rede social X. "Após este evento amargo e trágico que ocorreu dentro das fronteiras da República Islâmica, é nosso dever buscar vingança".
Uma reunião de emergência do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã foi convocada na residência de Khamenei, logo após o ataque. O porta-voz do Conselho classificou o assassinato de Haniyeh como "um ato desprezível". De acordo com a rede libanesa al-Mayadeen, ele também prometeu e que os perpetradores do ataque "receberão uma resposta".
A morte de Haniyeh foi confirmada tanto pela Guarda Revolucionária do Irã quanto pelo próprio movimento palestino, que atribuíram o ataque a Israel. O Estado judeu não se manifestou sobre as acusações. Além do líder iraniano, o grupo que governa Gaza também prometeu retaliação.
O assassinato do líder Ismail Haniyeh é um ato de covardia e não ficará impune", afirmou Musa Abu Marzuk, um alto dirigente do Hamas, em um comunicado logo após a morte e Haniyeh.
Apesar das promessas de retaliação, há acenos de moderação dentro do próprio governo iraniano. A mídia estatal noticiou que o vice-presidente Mohammad Reza Aref afirmou que Teerã não tem nenhuma intenção de responder ao ataque de Israel contra o líder do Hamas — o que demonstraria uma divergência entre o governo reformista recém-eleito e a liderança suprema da revolução.
Em paralelo, o Ministério das Relações Exteriores do Irã enfatizou a "responsabilidade" dos Estados Unidos pelo assassinato de Haniyeh, mencionando o apoio do país a Israel na guerra em Gaza. A chancelaria afirmou que o Irã tem "o direito de responder apropriadamente contra essa ação agressiva contra sua soberania".
Entenda o ataque
Ismail Haniyeh, chefe do gabinete político do Hamas de 62 anos, morreu após um bombardeio aéreo atingir a residência em que estava hospedado no norte de Teerã, informaram o movimento palestino e a Guarda Revolucionária do Irã nesta quarta-feira.
Exilado no Catar, Haniyeh tinha um perfil mais político dentro da organização e liderava as conversas sobre um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Sua morte foi apontada por mediadores como um revés para as chances de um acordo de paz. Mesmo após o início do conflito, quando virou um dos principais alvos israelenses, ele seguiu cumprindo agendas internacionais, inclusive no Irã.
Poucos detalhes foram revelados sobre o ataque até o momento — que Israel não reivindicou ou negou participação. As informações iniciais dão conta de um ataque aéreo e das mortes de Haniyeh e de um guarda-costas.
Por O Globo, com agências internacionais — Teerã
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