Raquel Carneiro/Veja
A música é como um troféu para os britânicos, que possuem um invejável currículo na área com nomes que vão de Adele e Amy Winehouse a The Smiths, Oasis, Rolling Stones, Led Zeppelin e, os mais aclamados, os Beatles. A cultuada invasão britânica nas paradas americanas, iniciada pelo quarteto de Liverpool nos anos 1960 e reforçada pelo Britpop na década de 1980, é vista quase como uma segunda forma de colonização. Mas, nesta semana, a música do Reino Unido sofreu um golpe duro em seu orgulho. Um grupo de pesquisadores ingleses, liderado pelo matemático alemão Matthias Mauch, divulgou o resultado do estudo "A Evolução da Música Popular: EUA 1960-2010", que tira a coroa da cabeça de John Lennon e parceiros e a coloca na de representantes do hip-hop como Busta Rhymes, Nas, Snoop Dogg e, para citar o mais atual, Kanye West, apontados pelos pesquisadores como os verdadeiros revolucionários da música nos últimos 50 anos. Foram eles, segundo o levantamento, que de fato lançaram tendências. Beatles e Rolling Stones apenas requentaram outras criadas antes deles.
O estudo analisou mais de 17.000 canções que tiveram lugar na Billboard Hot 100, a prestigiada parada americana dos títulos mais vendidos e tocados nas rádios. A partir de técnicas de big data, pelas quais se pode armazenar e cruzar uma grande quantidade de dados por computador, o estudo tinha a intenção de mostrar a evolução do gosto popular dentro da música comercialmente bem-sucedida. Para isso, o sistema agrupou de forma automática padrões de acordes, timbres e tons, de modo a organizar uma estatística em torno dos gêneros.
Foi assim que Mauch e os colegas perceberam que a grande revolução na parada americana aconteceu a partir de 1991, quando o hip-hop chegou sem pedir licença e quebrou os antigos esquemas de melodias e maneiras de cantar. "O campo harmônico do hip-hop é único e muito distinto do restante da história da música. Algumas das canções nem possuem acordes. O estilo reinventou o panorama musical", diz Mauch.
Já o rock e o pop, apesar da aura rebeldia que envolvia bandas como os Beatles, surfaram em tendências pré-existentes. A cópia de acordes e timbres, aliás, é frequente no meio, em que boa parte das inovações provém de métodos tecnológicos, como se viu na era do disco, com seus DJs e picapes, e na música eletrônica, rica em sintetizadores. "A música é baseada no copia e cola", afirma Mauch.
Professor da Universidade Queen Mary de Londres, o alemão de 36 anos, que vive na Inglaterra há oito, é matemático por profissão e músico nas horas vagas. "Quando me formei, tive que decidir qual dos caminhos seguir e vi uma boa oportunidade de juntar os dois. Hoje, estudo música com base na matemática."
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segunda-feira, 11 de maio de 2015
Sorry,Beatles, o hip-hop é que fez revolução
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