Republicanos estão se abstendo de álcool em níveis recordes, puxando a taxa nacional de consumo nos EUA para o menor patamar em quase 90 anos -
Republicanos estão se abstendo de álcool em níveis recordes, enquanto a taxa nacional de consumo nos Estados Unidos caiu para o menor patamar em quase 90 anos. A proporção de adultos que consome algum tipo de bebida alcoólica no país caiu para 54% no mês passado, o menor índice desde que o instituto Gallup começou a fazer esse levantamento, em 1939, com a queda mais acentuada entre os republicanos.
Apenas 46% dos republicanos relataram beber este ano —uma redução de quase um terço em relação a 2023. Entre democratas, a queda foi de apenas 5% no mesmo período.
A maioria dos adultos, e dois terços das pessoas entre 18 e 34 anos, agora acredita que beber moderadamente, definido como uma ou duas doses por dia, faz mal à saúde, segundo os dados. Metade dos jovens de 18 a 34 anos não consome álcool, ante 41% em 2023
Os hábitos de consumo de álcool dos americanos estão mudando em meio à reavaliação médica dos efeitos da bebida", afirma o Gallup. "Após décadas de estabilidade, registramos três anos consecutivos de queda na taxa de consumo nos EUA, à medida que crescem as evidências de que ‘nenhuma quantidade de álcool é segura’."
Alguns representantes da indústria atribuem a queda nas vendas ao aumento do consumo de cannabis e à popularização dos medicamentos para obesidade à base de GLP-1, que podem reduzir a vontade de beber.
No entanto, Laurence Whyatt, analista do setor de bebidas no Barclays, diz que esses fatores têm impacto limitado: "As principais razões são econômicas, como inflação, juros e menor renda disponível", afirma, prevendo retomada do crescimento com a melhora do cenário econômico.
Não está claro o que explica a queda acentuada entre republicanos, mas muitos líderes do partido defendem a sobriedade. Donald Trump nunca bebeu, após perder o irmão para o alcoolismo. Robert F. Kennedy Jr., secretário de Saúde dos EUA, diz ter parado de beber após lutar contra o vício em heroína. Outros nomes do movimento Maga (acrônimo para "make America great again", ou façam os EUA grandes de novo), como Tucker Carlson e Charlie Kirk, também defendem a abstinência.
Especialistas apontam ainda questões demográficas: "Republicanos focaram em registrar eleitores em estados decisivos, especialmente cristãos conservadores, mórmons e amish —grupos que não bebem", explica Mark Will-Weber, autor de um livro sobre o hábito de beber entre presidentes dos EUA.
Apesar disso, o consumo caiu em todos os grupos demográficos nos últimos dois anos. A taxa de quem bebe caiu mais de 10 pontos percentuais entre mulheres, pessoas brancas e indivíduos de alta ou baixa renda.
s que continuam bebendo também relatam menos frequência e menor quantidade: 2,8 doses na semana passada, ante 3,8 no ano anterior.
Para especialistas em saúde pública, a tendência é positiva. "As pesquisas que associavam álcool a benefícios para o coração ou à saúde geral foram amplamente refutadas", diz David Jernigan, da Escola de Saúde Pública da Universidade de Boston, ao citar estudos que mostram relação direta entre consumo e maior risco, sobretudo de câncer.
George F. Koob, diretor do Instituto Nacional de Abuso de Álcool e Alcoolismo, afirma: "Nos EUA, cresce o interesse em reduzir o consumo à medida que as pessoas se conscientizam dos riscos". Em dezembro, o ex-cirurgião-geral Vivek Murthy emitiu um alerta ligando explicitamente álcool ao câncer e pedindo advertências nos rótulos, semelhantes às dos cigarros.
Apesar disso, o governo deve abandonar a recomendação histórica de limitar o consumo de álcool na nova diretriz prevista para este ano, segundo a Reuters.

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