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A Justiça da Colômbia ordenou nesta terça-feira (19) a libertação do ex-presidente Álvaro Uribe enquanto ele recorre em segunda instância de uma condenação a 12 anos de prisão domiciliar por suborno e fraude processual, em decisão do Tribunal Superior de Bogotá.
O ex-presidente recebeu inicialmente a pena máxima possível por obstrução da Justiça e suborno de testemunhas, incluindo paramilitares durante o conflito armado no país. Desde 1º de agosto, o político de 73 anos está detido em sua casa no município de Rionegro, a cerca de 30 quilômetros de sua cidade natal, Medellín.
Uribe recorreu da decisão do tribunal, que o tornou o primeiro ex-presidente do país a ser condenado criminalmente e privado de liberdade. Segundo ele, o julgamento foi politizado e sofreu pressão da esquerda, atualmente no poder sob o presidente Gustavo Petro.
Com a decisão desta terça, o Tribunal Superior de Bogotá deu sinal verde a Uribe para recorrer enquanto estiver em liberdade, visto que, de acordo com a decisão, não há risco de fuga nem de um possível dano para a sociedade.
Segundo a corte, os critérios da juíza de primeira instância "foram vagos, indeterminados e imprecisos". O tribunal que o julga tem apenas até 16 de outubro para manter a condenação ou anulá-la e absolvê-lo. Caso esse prazo seja excedido, o caso será arquivado.
"Graças a Deus, obrigado a tantos compatriotas por suas expressões de solidariedade", comemorou o ex-presidente no X. "Cada minuto da minha liberdade dedicarei à liberdade da Colômbia."
Uribe foi presidente de 2002 a 2010. O imbróglio começou em 2012, quando ele denunciou o senador de esquerda Iván Cepeda por um suposto complô para ligá-lo a paramilitares.
Cepeda havia mencionado no Congresso as denúncias de ex-paramilitares presos acusando Uribe de fundar um esquadrão antiguerrilha na fazenda de sua família.
Mas, em uma reviravolta inesperada, em 2018, a Suprema Corte começou a investigar Uribe por adulteração de testemunhas para desacreditar Cepeda. Nesta terça, Cepeda afirmou que respeita a decisão, mas que não concorda com ela.
Uribe chegou ao poder quando a Colômbia estava em crise devido ao confronto entre guerrilhas de esquerda, grupos de extrema direita e forças estatais. Ele conquistou apoio com suas políticas de mão de ferro, que derrotaram o então grupo guerrilheiro das Farc.
No entanto, mesmo com a melhora da percepção de segurança, seu governo foi criticado pelos milhares de assassinatos cometidos pelos militares durante a luta contra os rebeldes.
Mais de 6.000 "falsos positivos" foram documentados, como é conhecido o caso de civis executados e vestidos como guerrilheiros para inflar resultados de combate e receber recompensas. Das oito milhões de vítimas do conflito armado na época —incluindo deslocados, mortos e feridos— 40% ocorreram durante seu mandato.
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