domingo, 10 de agosto de 2025

Junior Lima: 'Estou num começo de carreira, tateando'

 



É com a cautela de um principiante e a experiência de um veterano que Junior, de 41 anos, dá o tom de sua carreira solo, oficialmente iniciada em 2023, com um álbum de nome sugestivo: “Solo Vol.1”. Passados dois anos da empreitada — e mais o segundo volume do trabalho, participação no réveillon de São Paulo e uma turnê pelo país — ele está pronto para subir ao palco Factory, do The Town, pela primeira vez. Antes disso, não custa relembrar, esteve por 17 anos ao lado da irmã na celebrada dupla Sandy & Junior, encerrada em 2007.


— Ter sido convidado para o festival está sendo uma alegria muito grande. Acabei de iniciar minha carreira solo, acabei de começar a botar meu show na estrada. A gente conseguiu criar um show bem bonito. Tudo começou no ano passado, com a direção da Nidia Aranha — recorda. — Pretendo levar o máximo dessa turnê, com adaptações pra festival.


Junior afirma que uma das tônicas de sua carreira solo é transitar entre ritmos — e, portanto, conseguir se encaixar em diversos ramos da musicalidade brasileira. Para se ter uma ideia, ele se apresenta no The Town no dia 13, e passará pelo mesmo palco que Mc Livinho. Em outro festival, o Lollapalooza, Junior chegou a fazer uma participação com o metal do Sepultura e, em seu álbum, conta com a colaboração da drag queen Gloria Groove na faixa “Fome”. A variação dos ritmos que o rodeiam é grande.


— Eu não consigo me encaixar muito numa caixinha só — afirmou na entrevista por videochamada ao GLOBO. — Me entendo hoje em dia como uma pessoa que transita por alguns gêneros musicais e algumas formas de arte também. Isso faz parte da minha pluralidade. Mas de qualquer forma, o que amarra tudo, o que junta tudo, é o universo pop. E que permite muita coisa.


Mais intimismo

Antes de dar voz à sua carreira solo, Junior esteve a bordo de um bem-sucedida turnê comemorativa ao lado da irmã Sandy, em 2019. Naquele ano a “tour” foi a segunda mais lucrativa do planeta, atrás apenas da realizada por Elton John. As apresentações foram capazes de acumular, em 18 datas, um público de 600 mil pessoas. Agora, em turnê mais intimista, para públicos menores, o músico diz conseguir extrair coisas diferentes do público. Outro tipo de conexão.


— A plateia grande traz uma energia a mais. Existe uma intensidade na troca com o público que é muito peculiar dessas situações, eu me sinto contaminado por essa energia. Os palcos menores, eu acho que tem a coisa mais do olho no olho, você sentir a reação do público mais diretamente — compara. — Tenho feito shows em locais que mantém essa sensação de proximidade da plateia que é muito interessante. Eu ainda estou num começo de carreira. Ainda estou tateando, tenho muito o que conquistar, muita gente não conhece meu trabalho. Tem chão ainda.


A nova etapa na carreira, inclusive, leva o cantor a mesclar momentos de segurança e insegurança com o que virá. Na faixa “Será que vai ser sempre assim”, lançada no ano passado, por exemplo, ele canta: “Já são 5 da matina E eles dizem: ‘tô aqui só pra te ver’. Será que a minha arte inspira tanto quanto as melodias que um dia meu pai cantava até amanhecer? E se meu show chegar ao fim, será que vai ser sempre assim?”.


— É interessante, porque eu tenho momentos em que eu me sinto... Tem a hora que bate uma insegurança, bate um “será que é isso mesmo? Mas daqui a pouco pinta um The Town pra fazer, eu falo: “É isso, tá vendo? Vamos!” São pequenas injeções de ânimo, de segurança. Sou muito humano nesse sentido. Sinto todas as partes, as inseguranças, momentos de crise, tenho todos (risos) — confessa. — Mas o palco em si me traz muita segurança. Na hora do “vamos ver”, a hora que a coisa já tá pra acontecer e de ir pra cima da situação, de encarar um palco mais desafiador, eu acho que aí entra a minha história. Eu cresci nesse ambiente. É um lugar, queira ou não, tem certa zona de conforto para mim. Ali me reconheço.


Redes sociais e mudanças

Apesar da ampla experiência com o showbiz, Junior diz que ainda se surpreende com as mudanças que vê no mercado diante dessa nova etapa da carreira. Sobretudo no que diz respeito à importância das redes sociais.


— Eu sempre tive a vida exposta, mas o meu movimento era o contrário, era de me guardar. Mas hoje em dia é preciso ficar se revelando. É um exercício que é preciso fazer. Tudo mudou muito — avalia o artista.


O The Town acontecerá em São Paulo nos dias 6,7, 12, 13 e 14 de setembro, no Autódromo de Interlagos. Ainda há ingressos à venda no site da Ticketmaster.


Por 

 — São Paulo

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