Desde a semana passada, a Coordenadoria de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SESAU) está realizando uma busca ativa entre os 92 infectados pela hepatite A em Campo Grande. Para isso, foi desenvolvido um questionário de investigação epidemiológica, que é enviado aos pacientes via WhatsApp, com o objetivo de identificar o perfil epidemiológico e padrões de contágio. Até o momento, apenas 19 dos 92 infectados responderam ao formulário. “Se um número significativo de infectados responder de forma clara e sincera, poderemos identificar quando, onde e como ocorreu a transmissão, e por quais vias, permitindo traçar uma estratégia de ação eficaz para quebrar a cadeia de transmissão”, explica Veruska Lahdo, superintendente da Vigilância em Saúde, sobre a importância desses pacientes responderem ao questionário.
A secretária de Saúde, Rosana Leite, também ressalta a importância da identificação do perfil e do modo de transmissão para contar com o apoio do Ministério da Saúde. “Quando o Ministério se envolve, ele passa a monitorar junto ao município e ao estado, além de auxiliar nas orientações e nas ações, especialmente em campanhas de vacinação direcionadas a grupos específicos,” afirmou. Em apenas dois meses, os casos de hepatite A dispararam em Campo Grande. Após cinco anos sem registros da doença na capital, foram confirmados 92 casos, sendo 58 entre homens de 20 a 34 anos.
Vacinação
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina contra hepatite A em dose única para crianças a partir de 15 meses até 4 anos, 11 meses e 29 dias. A vacina está disponível em todas as 74 unidades de saúde de Campo Grande e no Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) em esquema de duas doses – com intervalo mínimo de seis meses – para pessoas acima de um ano com condições especiais, como HIV, doenças crônicas do sangue e do fígado, imunossupressão, fibrose cística e trissomias (síndrome de Down). Na rede privada, a vacina para hepatite A está disponível para todos os públicos.
Sobre a doença, transmissão e sintomas
A hepatite A é uma infecção causada pelo vírus HAV, também conhecida como “hepatite infecciosa”. A transmissão ocorre pelo contato com fezes ou secreções de uma pessoa infectada, podendo acontecer através de objetos, água, alimentos contaminados ou contato sexual. O período de incubação do vírus varia entre 15 e 45 dias, enquanto a transmissibilidade começa até duas semanas antes dos sintomas e pode durar até a segunda semana de manifestação da doença.
Entre os sintomas mais comuns estão náusea, vômito, fadiga, mal-estar, dores musculares, dor abdominal, diarreia ou constipação, pele e olhos amarelados, fezes claras, urina escura, perda de apetite, febre e sensibilidade à luz.
Prevenção e tratamento
A prevenção passa por medidas de higiene, como beber água tratada, fervida ou filtrada, lavar bem alimentos crus e deixá-los de molho em água clorada, preferir alimentos cozidos, evitar compartilhar a bomba do tereré e o narguilé, além de lavar as mãos com água e sabão ou higienizá-las com álcool 70%. É importante também evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes, além de utilizar preservativo nas relações sexuais.
Não há tratamento específico para a hepatite A, sendo o foco apenas no alívio dos sintomas. Médicos recomendam evitar o uso de medicamentos como paracetamol, que pode agravar o quadro de saúde. Procurar uma unidade de saúde ao surgirem os sintomas ou após contato com pessoas contaminadas é fundamental para diagnóstico e controle da infecção.
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