domingo, 13 de dezembro de 2020

De ponta a ponta, Verstappen fecha F1 2020 com vitória no sofrível GP de Abu Dhabi

 

MSN


O espetáculo inesquecível que a Fórmula 1 proporcionou há exatamente uma semana no anel externo de Sakhir foi exatamente o oposto da corrida que encerrou uma ótima temporada 2020. Na noite deste domingo (13), Abu Dhabi foi palco de outra corrida sonolenta e sofrível, desprovida de emoção e com apenas raras disputas no pelotão intermediário. Ao fim de 55 voltas, Max Verstappen venceu em Yas Marina e alcançou seu segundo triunfo no campeonato e o décimo na carreira na esteira de uma jornada dominante ao longo da prova.



Se é verdade que Verstappen dominou como quis e liderou de ponta a ponta, há outro ponto: a Mercedes, que foi a senhora de toda a temporada e conquistou com merecimento seu sétimo título do Mundial de Construtores, esteve irreconhecível em Abu Dhabi. Valtteri Bottas jamais esteve sequer perto de ameaçar Max, mas o finlandês desta vez teve uma performance mais aceitável para cruzar a linha de chegada em segundo lugar e garantir o vice-campeonato do Mundial de Pilotos.


Grande nome de 2020, maior vencedor e maior campeão de todos os tempos, Lewis Hamilton, por sua vez, realizou a corrida que foi possível. Ainda sem estar 100% recuperado depois de vencer a Covid-19, o heptacampeão do mundo atuou debilitado fisicamente. E também contou, assim como Bottas, com um motor Mercedes com menos potência que o habitual. O procedimento foi adotado pela equipe como forma de precaução para evitar mais quebras nesta corrida derradeira de 2020.


Alexander Albon fez uma corrida ok com a Red Bull, não comprometeu e terminou na quarta colocação. O anglo-tailandês, que tem seu futuro em risco na equipe taurina para 2021, foi seguido por Lando Norris, com uma atuação muito segura. O prodígio britânico conquistou a quinta posição e terminou logo à frente de Carlos Sainz, que se despede da McLaren com um resultado que, combinado com o de Norris, ajudou a equipe de Woking a terminar 2020 como terceira colocada no Mundial de Construtores, superando a Racing Point.


Os rosáceos amargaram um duro revés com o abandono do vencedor do GP de Sakhir, Sergio Pérez, por problemas de pressão de óleo do motor. Tendo apenas Lance Stroll, ficou difícil alcançar qualquer objetivo. O canadense ficou longe de ameaçar Pierre Gasly, autor de um dos grandes momentos do ano com a vitória na Itália, e foi apenas o décimo colocado na prova depois de ter sido ultrapassado por Esteban Ocon.


Daniel Ricciardo, que se despediu da Renault neste fim de semana, foi o sétimo e ainda marcou, no finalzinho, a melhor volta da corrida. O australiano foi seguido pela AlphaTauri de Gasly. Ocon e Stroll, que fechou o top-10. Pietro Fittipaldi, na sua segunda corrida na F1, foi o 19º.


Saiba como foi o GP de Abu Dhabi de Fórmula 1

Com temperatura ambiente em 23ºC e com 30ºC no asfalto e ainda de dia, Abu Dhabi deu a largada para a última corrida desta insana temporada 2020 de grandes histórias na Fórmula 1.


A largada foi tranquila até demais e sem maiores sustos. Max Verstappen manteve a dianteira, seguido por Valtteri Bottas, Lewis Hamilton, Lando Norris, Alexander Albon e Carlos Sainz em sexto. Kevin Magnussen saiu de último para fechar em 17º a primeira volta, enquanto Sergio Pérez só saiu do 20º posto depois que superou Nicholas Latifi na volta 3.


Poucas situações chamaram a atenção nas voltas seguintes. Albon deixou para trás a McLaren de Norris e subiu para quarto lugar, enquanto Lance Stroll pulou para sétimo depois de superar as AlphaTauri de Pierre Gasly e Daniil Kvyat, enquanto Daniel Ricciardo vinha em décimo com a Renault.


'Checo' Pérez estava em 14º e estava em grande jornada de recuperação quando enfrentou um problema de pressão de óleo no motor Mercedes, uma nova unidade de potência da Mercedes. Fim de prova e fim de uma trajetória incrível do mexicano na Racing Point, que lamentava o abandono porque o fato colocava em xeque a chance de terminar em terceiro no Mundial de Construtores.


Com a chamada do safety-car virtual, as equipes chamaram praticamente todos os pilotos para as trocas de pneus. Em seguida, como o carro de Pérez ainda estava na pista, a direção de prova acionou o safety-car. Ricciardo, em quinto, Sebastian Vettel e Charles Leclerc, em sétimo e oitavo, respectivamente, seguiram na pista ainda sem pit-stops feitos.


A relargada foi dada na volta 14, e Verstappen sustentou a dianteira, pouco à frente de Bottas, Hamilton e Albon. Ricciardo seguiu em quinto, enquanto Norris subia para sexto depois de deixar para trás as Ferrari de Vettel e Leclerc. O monegasco foi ultrapassado também por Sainz, que subiu para o oitavo posto. Mas o espanhol entrou sob investigação dos comissários por pilotar de forma desnecessariamente lenta no pit-lane, segurando Stroll.


Sainz passou Vettel na volta 17, enquanto Stroll perseguia a Ferrari de Leclerc ao mesmo tempo em que tinha de lidar com a pressão de Gasly. O canadense passou o carro #16 pouco depois e passou a ter pista livre para atacar Vettel, seu futuro companheiro de equipe na Aston Martin em 2021. Já o monegasco era ultrapassado também por Gasly antes de seguir para os boxes para mais um pit-stop.


No chamado equador da prova, Verstappen tinha uma confortável vantagem na liderança: 6s190 de frente para Bottas que, por sua vez, era seguido por um Hamilton que vinha 2s6 atrás. A dupla da Mercedes em momento algum ameaçou a liderança de Max até aquele período. O que pode explicar tamanha perda de performance é o fato de que a equipe heptacampeã diminuiu a potência dos seus motores para evitar novas quebras depois do ocorrido com Pérez no Bahrein, cenário que se repetiu neste domingo.


Na sua luta para tentar se aproximar de Vettel e subir para oitavo, Stroll foi surpreendido por Gasly e ficou para trás ao ser ultrapassado e cair para décimo. A colocação ameaçava ainda mais o terceiro lugar da Racing Point no Mundial de Construtores.


Pietro Fittipaldi, na sua segunda corrida na Fórmula 1, subiu para 17º depois que Kevin Magnussen, seu companheiro de equipe na Haas, teve de fazer seu primeiro pit-stop na prova. Mas o brasileiro caiu para 19º depois de ter feito seu segundo pit-stop, cenário que o levou a ser ultrapassado pelo dinamarquês e também pela Alfa Romeo de Antonio Giovinazzi.


Depois dos pit-stops de Ricciardo e Vettel, Stroll subiu para nono, mas parecia não ter performance suficiente para ameaçar o oitavo lugar de Gasly. Com Norris em quinto e Sainz em sexto, a McLaren caminhava para conquistar o terceiro lugar no Mundial de Construtores, algo que não acontecia desde 2012, quando a equipe de Woking tinha Jenson Button e Hamilton.


Nas voltas finais, Hamilton até ensaiou ameaçar Bottas na luta pelo segundo lugar, mas o finlandês conseguiu se manter à frente. Só não houve a menor chance de alguém pressionar Verstappen, o dono da noite de domingo em Yas Marina.


Assim, a Fórmula 1 encerrou uma grande temporada 2020, marcada pelas incertezas pela pandemia, mas também pela criatividade do Liberty Media em conseguir proporcionar um calendário intenso, com corridas em circuitos que jamais receberam a F1 antes, como Mugello, Portimão e o anel externo de Sakhir, e por momentos inesquecíveis como as conquistas de Hamilton, os pódios de Sainz, Norris e Ricciardo, as primeiras vitórias de Gasly e Pérez e as manifestações antirracistas.


Pena, apenas, ter Abu Dhabi como palco derradeiro de uma temporada tão maiúscula como foi 2020.


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