quinta-feira, 18 de junho de 2020

Por que a obesidade é considerada comorbidade para a piora da Covid-19?

uol
Endocrinologista explica e alerta sobre importância de manter hábitos saudáveis


A obesidade é uma das condições elencadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como comorbidade para a piora dos sintomas de pacientes infectados com o novo coronavírus (Covid-19).

Uma pesquisa feita com 124 pessoas divulgada pelo Instituto Lille Pasteur, da França, mostrou que 47,6% das pessoas infectadas pelo Sars-Cov-2 que estavam internadas eram obesas, das quais 28,2% tinham obesidade grave.

Os cientistas notaram ainda que 68,6% do total precisaram utilizar ventilação mecânica, e a proporção foi maior entre os obesos graves.

Pesquisas de outros países tiveram resultados semelhantes, e as principais causas para a relação podem ser a coexistência de doenças relacionadas à obesidade, como diabetes, hipertensão, alterações renais e insuficiência cardíaca. Outro ponto é que a obesidade pode influenciar na inflamação do corpo e a baixa imunidade, assim como altera a resposta rápida dos glóbulos brancos em lutar contra o vírus.

Por enquanto, o que é certo, segundo a médica endocrinologista Renata Antonialli, é que a obesidade é um dos fatores de risco para o agravamento da Covid-19. “A obesidade pode piorar muito a evolução da doença quando um indivíduo é contaminado pela Covid-19. Tanto que os dados mundiais apontam a obesidade como uma das principais comorbidades presentes nos pacientes que faleceram pelo coronavírus. Existem diversas causas relacionadas a esta triste situação, mas uma das principais é justamente o fato de a obesidade andar de mãos dadas com outras doenças crônicas, e que também pioram o prognóstico do paciente contaminado”, explica Renata.


Comorbidades

De acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, o número de obesos no País aumentou 67,8% entre 2006 e 2018.

Esse crescimento foi maior entre os adultos de 25 a 34 anos e 35 a 44 anos, com 84,2% e 81,1%, respectivamente. Apesar do excesso de peso ser mais comum entre os homens, em 2018, as mulheres apresentaram obesidade ligeiramente maior, com 20,7%, em relação aos homens, com 18,7%.

“Apesar de muitas pessoas acharem que a obesidade é uma condição ou uma escolha do indivíduo, na verdade ela é uma doença crônica que causa um estado inflamatório que afeta o corpo todo. Dessa forma, a obesidade contribui para o aparecimento ou agravamento de outras doenças tais como hipertensão arterial, diabetes, doença cardiovascular, osteoartrose, gordura no fígado e até mesmo alguns tipos de câncer”, ressalta a médica endocrinologista.

Para uma pessoa ser considerada obesa, o seu índice de massa corporal deve ser calculado. “De uma forma geral, o critério que a Organização Mundial da Saúde recomenda e o que mais utilizamos para classificar o estado nutricional do indivíduo é o famoso IMC [Índice de Massa Corporal]. Esse índice é calculado da seguinte forma: peso [em kg] dividido pela altura [em metros]. Uma pessoa é classificada com excesso de peso (sobrepeso) se este IMC é igual ou superior a 25 kg/m² e classificada com obesidade quando o IMC é igual ou superior a 30 kg/m²”, explica Renata.

Mesmo assim, é possível estar acima do peso e ter saúde, por isso o acompanhamento médico é tão importante.

“Tanto o sobrepeso quanto a obesidade pioram a saúde do indivíduo, além de contribuir para o aparecimento ou agravamento de outras doenças. No entanto, se essa pessoa procura ter bons hábitos de vida, como uma alimentação nutricionalmente equilibrada, praticar atividade física, parar de fumar e beber, melhorar o sono, controlar o estresse, entre outros, isso refletirá diretamente na saúde dessa pessoa. Além de melhorar outras doenças que possam já estar presentes, as mudanças de hábitos nesses indivíduos obesos ajudam a manter e a recuperar a saúde tanto física quanto mental, que são fundamentais principalmente nesse período de pandemia que estamos enfrentando”, pontua a médica.

Nenhum comentário: