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quinta-feira, 25 de junho de 2020
Gengibre para exportação é a nova aposta de agricultores familiares do Leste de Minas
Cultura ainda é pouco difundida no Estado e apresentou bons resultados em Aimorés
Por: SECRETARIA DE AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DE MINAS GERAIS
O gengibre é originário da Ásia e chegou ao Brasil trazido pelos portugueses. Cada vez mais utilizado na culinária por seu aroma e sabor picante, ele também é muito procurado pela indústria de cosméticos, bebidas e medicamentos. O gengibre possui um rizoma, ou seja, um caule subterrâneo, que é a parte comercial da planta.
O maior produtor do país é o Espírito Santo, que exporta boa parte da safra. Em Minas Gerais, não é tarefa das mais fáceis encontrar plantações de gengibre. Também não há levantamentos oficiais sobre a produção no estado. Mas alguns agricultores que começaram a investir na cultura estão conseguindo bons resultados.
Um exemplo vem de Aimorés, município que faz divisa com o Espírito Santo, e que já foi um grande produtor de arroz. Hoje, o café é o carro-chefe da produção agrícola do local. Mas, de olho na diversificação de atividades, um grupo de agricultores familiares do distrito de Alto Capim fez o primeiro plantio no ano passado. Se nos séculos passados o gengibre veio de terras estrangeiras, agora está fazendo o caminho inverso. Toda a produção de Aimorés está sendo exportada para a Europa e os Estados Unidos.
“A exploração de gengibre é mais uma diversificação para geração de renda e incentivo ao produtor continuar no meio rural, evitando a migração para os grandes centros”, explica o técnico Wagner de Lima Mendes, da Emater-MG, empresa vinculada à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).
A produção de gengibre no distrito teve início com o produtor Silvério José Vassuler, do município capixaba de Santa Maria de Jetibá, um dos destaques na produção nacional de gengibre e na venda para os consumidores internacionais. Ele conta que tem parentes e conhecia alguns produtores de Aimorés. Então resolveu fazer um plantio experimental na região e mostrar a cultura para os agricultores locais. “Como tem muito plantio no Espírito Santo, surgiu também a fusariose, uma doença que está atacando as plantas de lá. Fiz o plantio em Aimorés e foi uma surpresa. Produziu muito bem”, conta.
Para o produtor capixaba, a fertilidade do solo, a altitude entre 700 e 900 metros e o clima da região favorecem o bom desenvolvimento do gengibre. “Faz muito calor durante o dia, mas a temperatura tem uma boa queda durante a noite. Isso é bom para a produção de gengibre”.
Com os bons resultados do plantio experimental, ele fez uma parceria com nove famílias de agricultores familiares que também plantam café no distrito. Hoje as lavouras de gengibre somam 20 hectares e a primeira colheita já foi realizada. Tudo foi exportado. “Esse distrito foi um dos últimos a se desenvolver em Aimorés pela dificuldade de acesso e por demorar a ter energia elétrica. Hoje ele é referência no município, principalmente pela diversificação e os bons resultados na agropecuária”, comenta Wagner Mendes.
Parceria
Pela parceria feita com o grupo de agricultores de Aimorés, o produtor capixaba fornece as mudas, esterco, maquinário para levar o gengibre, caixas para embalagem e o transporte para escoar a produção. Os agricultores locais ficam responsáveis pelo plantio, condução da lavoura, colheita e embalagem. Eles recebem 40% do valor da caixa de gengibre.
O cafeicultor Iran Carlos Oliveira faz parte do grupo que está plantando gengibre em Aimorés. Ele foi ao Espírito Santo para conhecer a cultura, ficou interessado e resolveu apostar na atividade. Após a primeira colheita no início deste ano, não demonstra arrependimento. “O gengibre rende muito em uma pequena área. Em cada metro corrido plantado, a gente colheu uma caixa de gengibre”, diz.
Ele e a esposa colheram 505 caixas de gengibre antes de começar a colheita do café. Agora o produtor passa alguns meses nos cafezais e deve colher mais 500 caixas de gengibre a partir de agosto. Cada caixa de gengibre tem 14 quilos e, pelo acordo firmado, ele recebeu R$ 45 por caixa. “Pode até ser melhor que o café, que nem sempre tem um preço que compensa”, afirma Iran.
A colheita do gengibre começa cerca de sete meses depois do plantio das mudas. Em regiões onde a cultura já está consolidada, a produção é quase ininterrupta, já que ele pode ser colhido tanto verde, quanto maduro. Segundo o Silvério José, a produtividade em Aimorés chegou a ser o dobro da registrada onde ele planta no Espírito Santo. O agricultor explica que em um hectare podem ser colhidas de cinco mil caixas ou mais de gengibre.
Pelos resultados apresentados até agora, o gengibre veio para ficar em Aimorés e dividir espaço com as lavouras de café, banana e maracujá no distrito de Alto Capim. “Depois que acabar esta colheita do café, já decidi que vou aumentar minha área com o plantio de gengibre”, garante Iran Oliveira.
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