quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Campo Grande terá hospital exclusivo para cirurgias


NATALIA YAHN

Com capacidade para fazer aproximadamente 50 cirurgias eletivas por dia, um centro exclusivo para os procedimentos será instalado no prédio onde funcionava o Hospital da Mulher e Maternidade, no Bairro Moreninha III, em Campo Grande. Atualmente, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), 5 mil pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) aguardam por procedimentos cirúrgicos agendados, porém, sem andamento na fila, a espera pode durar anos.

O planejamento da pasta é transformar o prédio abandonado há, pelo menos, dois anos para realizar ali as cirurgias eletivas com maior demanda na cidade, especialmente nas áreas de ginecologia, obstetrícia e geral. “Estava sendo direcionada uma unidade de parto normal, sendo que nós temos hoje quatro hospitais com portas abertas para qualquer gestante, com estrutura de Unidade de Terapia Intensiva [UTI], centro cirúrgico, laboratório e exames. Por isso, o foco da Moreninha mudou, porque o custo operacional do projeto que iria nascer seria maior até do que levou ao fechamento, com produtividade baixa e custo elevado”, explicou o titular da Sesau, José Mauro Filho.

Na prática, a Secretaria vai dar nova utilidade ao antigo hospital, na tentativa de atender à demanda com maior urgência atualmente: a de cirurgias eletivas. A reforma e ampliação do prédio deverá custar R$ 5,5 milhões, valor que não contempla os equipamentos. “Ali tudo estava funcionando mal: a unidade básica, o centro regional, a maternidade e a UPA [Unidade de Pronto Atendimento], de forma desassistida”, disse o secretário, ao destacar que a UBS passa por reforma e deverá voltar a funcionar com um novo modelo de gestão.

A Sesau ainda está em processo de negociação para iniciar o atendimento de cirurgias eletivas. Além disso, todo o projeto precisará ser aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde (CMS) e também pela Câmara Municipal. O prefeito Marcos Trad (PSD) já deu aval para as mudanças.

A contratualização de serviços de saúde para áreas de cirurgia eletiva de baixa, média e alta complexidade é um dos desafios da Sesau. Alguns hospitais fazem os procedimentos, porém, não garantem a diminuição da fila. “Em tese, teria até condições e seria lógico, fazer as eletivas na Santa Casa. Mas lá são atendidos casos de trauma mais complexos. Média e alta complexidade seria papel da Santa Casa, Hospital Universitário e Regional, que fazem as bariátricas, neurológicas, cardiovasculares, as ortopédicas mais complexas”, explicou o superintendente de Relações Institucionais, Antônio Lastória.

A unidade das Moreninhas poderá atender os casos mais simples, como cirurgias de vesícula, apendicite, trauma ortopédico leve e eletivo, ginecologia e pediatria. “A ideia é ter alto giro e grande volume; internar de manhã, operar e liberar o paciente. Será um day clinic [termo em inglês usado para nomear a internação e o procedimento em um único dia]”, disse Lastória.

O prédio, após a reforma e ampliação, deverá ter entre 24 e 26 leitos de enfermaria e três salas de cirurgia. Cada uma das salas poderá fazer uma cirurgia por hora entre às 7h e às 22h ou meia-noite – ainda não está definido o horário de funcionamento do local. “Varia um pouco a capacidade [de cirurgias], mas pode ser uma por hora da entrada do paciente, o procedimento e a preparação para a próxima cirurgia. E vamos organizar o fluxo, definir um dia da semana para cada especialidade. Será um volume significativo”, afirmou o superintendente.

PROBLEMA

Desde abril, o Correio do Estado vem mostrando, em série de reportagens, a situação de abandono do prédio da antiga maternidade, alvo constante de vandalismo e furtos. Os moradores denunciaram a fragilidade do local, que, sem nenhum tipo de segurança, tornou-se alvo de ladrões, abrigo para pessoas em situação de rua e usuários de droga e também depósito de itens furtados.

No período que funcionou, o local teve graves problemas, com risco para a saúde das mulheres e também dos bebês que lá nasceram entre abril e dezembro de 2016. Mas o centro cirúrgico só foi definitivamente fechado em dezembro daquele ano, oito meses após Vigilância Sanitária de Mato Grosso do Sul, órgão da SES, emitir a primeira notificação de risco sanitário gravíssimo.
Com informação do Portal Correio do Estado.

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