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terça-feira, 27 de agosto de 2019
Acuada, Cielo avança na seara dos bancos digitais; ação sobe
Reuters
A Cielo anunciou nesta segunda-feira o Cielo Pay, sistema para transações financeiras por meio de contas de pagamentos, num modelo similar ao de fintechs que vêm crescendo velozmente no país, como Nubank, Mercado Pago, Banco Original e Banco Inter.
O aplicativo gratuito, que estreia em 14 de outubro, tem como principal recurso permitir que pequenos comerciantes e prestadores de serviço recebam pagamentos sem a necessidade das chamadas maquininhas de cartões.
Além disso, o Cielo Pay também permitirá que esses clientes façam pagamentos a terceiros. Em ambos os casos, as transações serão feitas tanto por transferência entre contas como com uso de QR Code, boletos e TEDs.
Embora o público-alvo sejam microempreendedores, o sistema também permite a adesão de pessoas físicas. As transações serão feitas gratuitamente entre clientes com conta de pagamentos na própria Cielo. Para clientes de outras instituições financeiras, as transferências custarão 7,90 reais cada.
O movimento mostra como o presidente-executivo da Cielo, Paulo Caffarelli, pretende fazer a líder em meios eletrônicos do país reagir ao acirramento da competição na adquirência de cartões, que tem provocado queda das margens há uma década, resultando também no acentuado recuo do valor de mercado. Só nos últimos 12 meses, a ação da empresa caiu quase 50%.
Por volta de 15:10, os papéis da Cielo subiam 1,4% na bolsa paulista, entre as poucas altas do Ibovespa, que cedia 1,6%.
Além disso, o Cielo Pay aparece como o principal canal da companhia para operar com pequenos clientes, já que nos últimos anos deu ênfase nos grandes varejistas, segmento do qual detém mais de metade de participação no mercado.
“Agora, a relação da Cielo com o empreendedor irá para além da venda; vamos acompanhar sua jornada diária como vendedor e como consumidor”, disse Caffarelli a jornalistas.
Segundo o executivo, todos os serviços que serão prestados no Cielo Pay estarão no âmbito da licença de instituição de pagamentos que a companhia já detém.
O anúncio acontece um mês após a Cielo ter anunciado a oferta de crédito direto a clientes, iniciativa chamada por Caffarelli de “nova avenida de geração de receitas”. Ele admitiu na ocasião que poderia no futuro pedir uma licença do Banco Central para ter operação bancária mais completa.
Assim como fizera então, Caffarelli repetiu que os movimentos recentes da Cielo em serviços bancários não conflitam com os controladores da companhia, o Bradesco e o Banco do Brasil, que apoiam a estratégia.
CORRIDA PELOS PEQUENOS
A ofensiva da Cielo vem na esteira de sucessivos movimentos de fintechs independentes de grandes instituições financeiras para oferecer serviços bancários em plataformas digitais com preços bastante inferiores aos cobrados pelos grandes bancos.
Nos últimos meses, várias dessas plataformas lançaram serviços com foco no que é chamado no jargão do mercado como base da pirâmide, formado sobretudo por microempreendedores, público que frequentemente usa um mesmo ambiente para fazer transações financeiras comerciais e de pessoa física.
O Nubank, que afirma ser o maior banco digital do país, começou no mês passado a operar contas digitais para pequenas empresas. Quase simultaneamente, o Banco Original lançou uma plataforma integrada para pessoas físicas e jurídicas.
E o Mercado Pago, braço financeiro do Mercado Livre, começou neste ano a oferecer crédito a clientes, público formado sobretudo por microempreendedores.
Em comum, esses movimentos têm como objetivo tentar capturar informações que mostrem os hábitos desses clientes, inclusive não inicialmente financeiros.
No caso do Cielo Pay, o portal permite a integração com redes sociais e aplicativos de mensagens, por meio dos quais os participantes podem tanto enviar comprovantes de transações como serem acessados por outros comerciantes para oferta de produtos e promoções.
“Esse conjunto de iniciativas têm como objetivo alcançar maior fidelização dos clientes”, disse Caffarelli.
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