domingo, 29 de maio de 2016

Estado tem o primeiro doutor indígena formado em instituição local



Se na infância ele precisou sair da sua aldeia (ainda sem escola) para estudar na cidade, hoje Antônio Carlos Seizer da Silva trabalha para mudar a realidade das comunidades indígenas do Estado: preparando novos professores para atuar dentro das aldeias, mas também nas universidades, representando a cultura de seu povo. Aos 33 anos, ele é o primeiro indígena de Mato Grosso do Sul a concluir o doutorado em uma universidade do Estado.

“O meu grande interesse sempre foi mudar a formação dos professores. Eu acredito que é possível (e preciso) que a formação não seja só a partir do saber não-indígena. Que não seja uma cópia do ensino das escolas nas cidades. E para isso ser diferente é preciso que tenhamos professores indígenas nas faculdades, na formação desses novos professores que vão atuar nas escolas das aldeias”, explica.

Da etnia Terena, Carlos defendeu neste ano a tese de doutorado intitulada “Kalivôno Hikó Terenôe: sendo criança indígena terena no século XXI – vivendo e aprendendo nas tramas das tradições, traduções e negociações”, no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) do Mestrado e Doutorado da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). “Muitas pessoas falam que se você tem internet, televisão e outros aparelhos é porque você está perdendo a cultura, mas não é isso. Na verdade, você está reelaborando sua cultura”, esclarece.

*Reportagem de Paula Vitorino está na edição de hoje (29) do Jornal Correio do Estado

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