Em uma apresentação simples, o mestre de cerimônias do Festival Internacional de Teatro de Objetos (Fito), ator Pascoal da Conceição – o “Dr. Abobrinha do Castelo Ra-Tim-Bum” – cedeu a vez ao cantor Tom Zé e sua banda.
Eles subiram ao palco pontualmente às 21 horas de sábado (27/11) com o musical “Música/Contramúsica” ovacionados pelas mais de seis mil pessoas que os esperavam ansiosas no Centro de Convenções e Exposições Albano Franco, em Campo Grande.
As letras de Tom Zé, influenciadas pela poesia concreta, privilegiam o essencial e, algumas, a síntese.
No repertório do cantor é constante a riqueza de informações, de arranjos musicais produzidos pelo contraste de instrumentos tecnológicos e rudimentares, somados a utilização de artefatos que auxiliam na interação com a platéia, como os capacetes, jalecos, óculos de proteção e esmeris usados por todos os integrantes da banda, para entoarem os efeitos mais que especiais de sonorização e de faíscas, proporcionando assim um maravilhoso efeito visual, e complementando apenas uma das performances.
Com palmas que acompanhavam as batidas envolventes, a platéia seguia atentamente aquele que na madrugada anterior ao show postou em seu blog que seu sonho era passar uma semana no Pantanal de Mato Grosso do Sul. “Vocês são de uma região privilegiada.
Eu sou de uma parte do Nordeste em que um prato de comida é tão difícil de conseguir. E agora existe um tal de turismo sexual e muitas mães incentivam suas filhas de 11, 12 anos a praticar para a sustendo da família”, provocou o nordestino no palco antes de cantar a música O PIB da PIB, que critica justamente o cenário da exploração sexual infantil no País.
“O show do Tom envolve muita criatividade e tem tudo a ver com o FITO, porque trabalha de forma muito especial com a imaginação das pessoas. Considerando que também sou nordestina, admiro o Tom Zé pelas letras das suas músicas, cheias de significados e que realmente chamam a atenção para realidade social de muitas regiões do nosso Brasil”, contribuiu a fã Tatiany Simas, que apreciou a apresentação com entrada gratuita e duração de uma hora.
No domingo (28/11), último dia do Fito em Campo Grande, as apresentações dos espetáculos recomeçaram a partir das 16 horas e prosseguiram até as 21 horas. Pouco explorada no Brasil, a modalidade de teatro de objetos possui uma forte presença na Europa, continente de onde virá a maior parte das companhias cênicas.
No total, o festival irá promover 76 apresentações com 15 companhias oriundas do Brasil, Argentina, Israel, Itália e França, sendo que, além das apresentações, inclui ainda uma feira de objetos e o espaço Fito Foto.
O ambiente montado no Albano Franco contou com cinco salas para espetáculos nacionais e internacionais, sendo três delas com capacidade para receber até 200 pessoas e duas com capacidade para 50 espectadores.
Entre as atrações, uma pistola rodopia e dispara balas-guloseimas coloridas, um isqueiro aceso é perseguido por um extintor, uma camiseta é paquerada por um ferro de passar que solta fumaça ao se encostar nela e um par de tênis tenta escapar de um desodorante aerossol que solta spray perfumado.
Outras atrações foram o Fito Mostra Viva, que reuniu performances curtas realizadas por atores em quatro mini-salas para pequenos grupos, o Fito Feira, que mostra de objetos interessantes ou inusitados, além de antiguidades, que poderam ser adquiridos pelos visitantes, o Foto Fito, que é um espaço interativo cenográfico onde o público é fotografado ao ‘bailar’ com um cabideiro, e o estande do Sesi, onde o visitante pode conferir obras de arte e performances feitas a partir de objetos da indústria.
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